quinta-feira, 13 de março de 2014

Música Marginal

    A música assim como outras expressões artísticas é fruto da relação do íntimo de seu criador com o mundo que o cerca, sendo um fenômeno tão extraordinário que deve ser preservado com todo cuidado e desenvolvido através de apoio e iniciativas que favoreçam seu florescimento, pois a arte oxigena a realidade, dando a centelha de abstração que a criatividade necessita para reinventar constantemente o modo de vivermos e convivermos, no entanto sabemos que não é assim, mas dificilmente percebemos o porquê.


   Sempre que conhecemos uma banda que gostamos, esquecemos de quantos fatores tão adversos conseguiram ser combinados em harmonia, pois cada integrante possui uma influência, recursos, tempo e modo de se relacionar com os demais, por isso manter uma banda em si já é um grande trabalho. Quando isso gera grande resultados, é algo admirável, no entanto mesmo as bandas mais exaltadas no cenário independente dificilmente sobrevivem por muito tempo. Sabendo de toda dificuldade que envolve um projeto musical, é fácil supor que o fim resultou de conflitos internos, mas eles apenas reagem a um fator externo e o real pivô do desfalecimento musical no cenário independente: a clandestinidade.

   Um artista como o músico, principalmente quando integrado a um grupo, precisa de um espaço e um publico para o qual se expressar, pois se não houver destinatário, qual a importância da mensagem? Mesmo os projetos realizados pelo simples prazer de sua execução precisam de um campo onde possam se manifestar, e para conquistarem o direito de atuar nesses ambientes eles precisam de um certo reconhecimento, mas como reconhecer quem não aparece por falta de oportunidade? É um ciclo deficitário do cenário musical e não apenas dele, e que aponta o oposto como a solução: o circuito musical.

    Muito se fala no circuito musical gaúcho, paulista e etc, mas pouco da estabilidade de um ciclo de atuação artística pode ser visto na realidade, principalmente no nosso estado, pois as bandas não conseguem se sustentar apenas com o consumo local divido com tantos outros artistas, tornando a exploração das regiões adjacentes uma maneira de se manter em atividade, mas a falta de tempo e dinheiro dificultam o desbravamento do campo no estado e as bandas acabam por não terem para onde ir, interrompendo o que poderia ser um grande trabalho. A organização de um circuito independente não é uma ideia nova, tão pouco algo fácil, mas o fato de novas vozes continuarem a brotar do chão apesar da desolação da seca ou violência da enchente, prova que o campo é fertil. Cabe a nós cultivá-lo.

Felipe Essy

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