terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

O Álibi da Menina que Roubava Livros

   Buenas, pessoal! O Oscar está chegando e um dos concorrentes, apesar de não ser um destaque na disputa, é a aguardada adaptação do bestseller A Menina que Roubava Livros, que nos mostra as pequenas desventuras de Liesel numa ruazinha alemã que a Morte parou para assistir em meio a segunda grande guerra mundial.



   O título inicialmente nós da a equivocada ideia de que o filme é sobre a curiosa compulsão literária de uma menina, mas acabamos percebendo que na verdade se trata das histórias ao redor da ladra, e não de seu encantamento por livros, ambientadas num lado do fronte que normalmente não vemos com tanta inocência durante a segunda guerra mundial: a dos alemães.

   A naturalidade com que o nazismo aparece no cotidiano das crianças durante o filme pode ser surpreendente para alguns, mas logo fica claro que alguns conterrâneos do ditador o temiam tanto quanto seus inimigos, um ponto de vista que normalmente não vemos muito nas grandes produções, nos contando uma história bonita que não se contamina pelo terror da época sem ser superficial, exatamente como um filme sobre uma criança que conseguia divertir-se com as letras no porão de casa enquanto as bombas caiam lá fora.


   Algo que aparece brevemente e poderia ter dado uma forma mais interessante ao filme seria a presença mais forte de sua narradora, a Morte. Ao contrário do que normalmente acontece, o livro narra a história pelo ponto de vista afastado do narrador que conta como se aquilo tivesse acontecido há muito tempo, raramente reproduzindo diálogos, mas sempre parando para nos explicar os xingamentos em alemão amavelmente desferidos entre os personagens. É provável que o diretor não quisesse ter o filme frequentemente interrompida pelos comentários da Morte e fazer o espectador esquecer que se tratam de apenas personagens, nos comovendo com histórias que podiam realmente terem acontecidos.

   Indicado ao Oscar apenas pela trilha sonora, não creio que seja o melhor elemento dentro do filme digno de nota. As composições de John Williams, responsável por temas lendários desde Star Wars até Harry Potter, embora belas, não parecem ser tão deslumbrantes a ponto de tirar outras trilhas produzidas em 2013 do páreo, como O Homem de Aço do também veterano Hans Zimmer. Na verdade, o que mais me chamou a atenção durante o filme foi o figurino.


   Apesar do contexto da história se tratar de um período onde a produção textil passava por grandes dificuldades em meio a guerra, as roupas produzidas por Anna Sheppard encantam pelos detalhes românticos como se realmente tivessem sido feitos em casa, como era comum entre os alemães que viviam basicamente do artesanato antes da revolução industrial. Provavelmente sua exclusão da premiação se deu justamente pela sua discrepância da beleza de seu figurino em relação a miséria do contexto da época, mas que é um belíssimo trabalho não há de se negar, assim como o resto do filme.

   Quinta-feira o blog volta com um post comentando algumas indicações do Oscar 2014. Um abraço!

Felipe Essy

2 comentários:

  1. A primeira vez que ouvi falar desse livro passei longe , não sei porque imaginava que ele era de auto-ajuda. teimosa eu, nem dei uma chance para o resumo do livro. Quando fui ao cinema assistir ao filme, fui acompanhando o Felipe e juro nem o trailer eu tinha assistido, mas a essa altura já sabia que era sobre a guerra. Fui contrariada mesmo porque eu queria ver Trapaça, outro grande concorrente ao Oscar. Felizmente tive que me render a película. É um filme tocante sobre amizade e sobrevivência. O figurino é incrível mesmo e a direção de cena impecável. Concordo que a trilha não me chamou a atenção e até achei fraca sendo do grande John Williams, esperava mais. E é sempre bom ver o lado dos alemães na guerra!!!!

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    1. Pois é, não lembro bem por que também não li o livro na época que ele estourou, acho que tava mais interessado no Dan Brown, mas sempre tive curiosidade pelo título (que ficou até mais bonito na tradução). Assim que vi o trailer fiquei louco para assistir e gostei por que é o tipo de filme que sobre crianças sem ser infantil. Ah, e por que se passa na terra de meus trisavós, claro ;)

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