terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Rejeitados pelo Oscar

        Buenas, pessoal! Divulgada a lista de indicados ao Oscar desse ano eu fiquei surpreso com todos os filmes que eu esperava, mas não estavam lá então eu resolvi defender alguns que mereciam estar na disputa. Confira o post e diga se você concorda:


      Quem acompanha as premiações da Academia de Arte e Ciências Cinematográficas, mais conhecida pelo nome da sua estatueta, o Oscar, sabe que ela age por razões misteriosas. Não raras vezes um concorrente é indicado pelo mérito de um filme não reconhecido na edição anterior ao que está participando como uma forma de compensação. Além disso, como um instituição movida pelo mercado, é de se esperar que filmes de estúdios pequenos e menos comerciais não sejam reconhecidos, então não é nenhuma surpresa que vários filmes ótimos fiquem de fora. O mais intrigantes é que frequentemente alguns filmes aclamados por público e crítica patrocinados por estúdios de renome não são contados. Vejamos alguns exemplos desse ano:


      Assim que o lançamento de O Grande Gatsby foi anunciado, sua proposta exuberantemente ousada o destacava naturalmente, característica marcante de Baz Luhrmann, mais lembrado por Moulin Rouge! Apesar da estética deslumbrante da produção, a proposta de adaptação de um clássico da literatura americana numa releitura moderna que aproximasse o espectador da atmosfera da época mesclando hip hop com o swing dos bailes de 30 desagradou a quem esperava uma montagem tradicional, ganhando críticas de que teria destorcido totalmente a obra original – o que não faz nenhum sentido para qualquer um que tenha lido o livro praticamente adaptado à risca. A indicação de melhor figurino e design de produção era o mínimo que poderiam fazer, afinal contava com contribuições da própria Miuccia Prada, neta do fundador da famosa marca, e das joias Tiffany’s, além do talento da figurinista Catherine Martin. Como dificilmente a Academia discorda da unanimidade da crítica, eu não esperava que a trilha fosse indicada, também por que não é original e sim de releituras, mas não entendo como o uma instituição – e profissionais da área – não reconhecem uma boa adaptação como essa.


       Outra superprodução que inesperadamente ficou de fora foi Elysium. O tema crítico diferenciado de outros blockbusters surpreendeu a todos que assistiram, contando inclusive com duas participações “brazileñas”, que reforçavam o caráter multicultural de uma população excluída. Talvez tenha sido pela falta de dramaticidade de Matt Damon ou da exagero do exoesqueleto "a la Homem de Ferro", mas a indiferença da academia para com Elysium não se justifica nem assim, que muito provavelmente o deve ter considerado apenas mais um filme de ação, o que esta longe de ser.


     Falando em super-heróis, os personagens de capa e máscara nunca foram frequentes entre os indicados, apesar de algumas exceções, mas revisando meus ingressos guardados desse ano tive um salto ao lembrar de O Homem de Aço. O filme merecia no mínimo indicação a melhor roteiro adaptado, se não de roteiro original, tamanha a qualidade da construção narrativa. A nova trilha de Hanz Zimmer que abriu mão do tema clássico invicto desde 1978 também foi outro destaque ignorado pela Academia. Zimmer já é bem respeitado no meio cinematográfico com um Oscar na prateleira (O Rei Leão), além de alguns outros Grammy e Globos de Ouro, mas dentre todas trilhas que escutei durante o ano, foi uma das poucas que me chamou a atenção. Mais conhecido pelo seu trabalho em O Senhor dos Anéis, Howard Shore me tranquilizou entre os candidatos com A Menina que Roubava Livros, embora eu não tenha achado esse trabalho de Shore um bom motivo para Zimmer também não estar lá.


      Apesar de tudo nada me indignou mais do que Em Chamas não ter sido indicado a nada. Não é por que eu goste, mas por que é uma unanimidade entre a crítica especializada e público de que o filme é uma verdadeira obra nessa fase estagnada do cinema atual. Realmente eu não vejo nenhuma razão convincente para não indica-lo além de um preconceito com filmes adolescentes (mesmo não sendo nada parecido com as produções mais comuns do gênero), afinal a qualidade das interpretações e produção é notável, além de uma proposta diferenciada como o próprio livro. Eu mesmo não acreditava no filme até assistir, ATÉ ASSISTIR, por que logo na primeira cena de Jogos Vorazes o engajamento do diretor, equipe e elenco na produção é evidente, ainda mais nessa sequência que tinha tudo para corromper-se em algo mais “popular” devido ao sucesso de publico e não cedeu, pelo contrário, avançou em qualidade. Merecia com todas as honras melhor roteiro adaptado, por que eu realmente não sei como Gary Ross conseguiu ser tão fiel ao livro e ao mesmo tempo fazer algo tão criativo, logo melhor direção seria igualmente cotável. Concorrente forte na categoria de fotografia e obviamente uma indicação para Jennifer Lawrence, que ou interpreta muito bem ou é realmente aquele personagem.


      Por fim, mas não menos importante, o cinema nacional. Para variar não fomos indicados, mas nem vou entrar nesse mérito por que isso depende de muita coisa e somos apenas mais um país estrangeiro dentre muitos. Pensando nos filmes que tive conhecimento esse ano, percebo como nossa mídia realmente não ajuda o próprio país quando se trata de cinema, no entanto tivemos um ano com vários filmes esperados pelo grande público, o que é animador: O Tempo e o Vento (mais audacioso do que prudente, ainda assim valeu o ingresso), Faroeste Caboclo (melhor do que eu esperava), Somos Tão Jovens e alguns menos divulgados, mas ainda assim com um apelo popular como Meu Pé de Laranja Lima, Serra Pelada e Flores Raras. Apesar de também termos comédias sem graça como todo mundo, Mato Sem Cachorro sem mostrou um filme bacana dentro da sua proposta leve e Confissões de Adolescente ganha cada vez mais destaque. O que podemos concluir disso? Que nosso cinema está aprendendo a crescer no mercado focando em sim mesmo, dentro da sua própria cultura, afinal certas coisas são “de americano” e pouco a pouco nossa indústria vai crescendo. Outros filmes se perderam pelo caminho como Anita & Garibaldi (atrasou sete anos). De Giovanni Improtta e Crô nem se fala, mas vejamos o lado bom: Nenhum Oscar, mas sem nenhuma Framboesa de Ouro também – ainda.


Felipe Essy

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