segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Memória Viva

      No último sábado, centenas de pessoas lotaram os cemitérios de todas as cidades por causa do dia dos Finados, mas o curioso é que a maioria delas passa o ano inteiro evitando esse lugar como se fosse algo agourento e até sombrio. Eu não fui a nenhum cemitério por que eu cuido dos meus familiares que já não vivem mais de uma maneira mais significativa durante o ano do que uma breve visita ao cemitério e é sobre isso que eu vou falar hoje.


       Normalmente falar em cuidar dos túmulos dos seus parentes ou conhecer onde ficam os mais antigos é visto quase como algo de mau gosto quando na verdade cabe a nós preservar a memória dos nossos familiares, deixando seus túmulos bem conservados e fazendo questão de saber onde estão todos os daqueles que vieram antes de nós, pois estaremos honrando o que fizeram por nós ou nossos pais e conhecendo mais da nossa própria história. Se não preservarmos eles e o que representam, ninguém irá e não demorará muito para que essas memórias sejam esquecidas como se os pais dos nossos pais jamais tivessem existido.

      Não é por não ter um sobrenome exótico ou uma origem nobre que não temos nada de interessante para saber sobre o passado da nossa família. Saber o que seus ancestrais fizeram até que você existisse é conhecer melhor a sua própria história, pois cada escolha tomada por eles decidiram onde estaríamos e muitas vezes descobrimos fatos interessantes que explicam muitas coisas sobre nós.

        Meu pai sempre me contou histórias dos meus avós, de onde nossa família havia vindo e outros causos mais distantes como se fossem fábulas para me divertir. Foi isso que me cativou, mas pouco do que meus avós e bisavós fizeram havia sobrevivido naquelas histórias e nem tudo tinha uma boa explicação, então eu decidi pesquisar e descobrir o que realmente os trouxe até esse momento. Foram várias visitas às minhas tias, cartas amareladas e fotos sem cor para entender um pouco do que aconteceu. 

       Hoje eu já posso reproduzir a minha árvore genealógica mentalmente até gerações distantes e contar uma história para cada objeto antigo que minha família guardou, como se cada coisa deixada por meus avós e bisavós fosse um livro que precisei estudar um pouco para ler. Atualmente estou coletando dados para em breve registrar de uma forma mais organizada e segura do que deixar na minha memória para que outras pessoas da minha família também tenham acesso ao que eu descobri, pois se nós não fizermos alguma coisa logo para preservar esse conhecimento, ele pode não estar mais disponível mais tarde, pois documentos se perdem, fotos desbotam e tudo que sabemos um dia vai para onde a maioria das pessoas só vai no dia dos Finados.

Felipe Essy

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