quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Kick-Ass 2: Quebrando a Fórmula

Buenas, pessoal! Kick-Ass e Hit-Girl finalmente retornam ao cinema na sequência do primeiro filme que sob uma nova direção foi cuidadosa com os personagens e enredo da trama, mas limitou-se a não sair da formula que consagrou o primeiro filme. Não espere outro Bastardos Inglórios de super-heróis, mas o filme vale o ingresso e o post de hoje fala sobre ele.


      O primeiro Kick-Ass, lançado em 2010, mesclou o imaginário de qualquer apreciador de super-heróis com a violência cômica de Tarantino, resultando num filme empolgante e ousado que agradou público e crítica ansiosos por uma sequência. Embora a história escrita por Mark Millar tenha tido muitas alterações importantes em relação ao enredo original, o primeiro filme conseguiu transmitir perfeitamente o espírito dos quadrinhos e motivou Millar ainda mais a concluir a trilogia que havia imaginado. O segundo filme adapta os dois quadrinhos que deram sequência a primeira história, Kick-Ass 2 (2010) e Hit-Girl (2012) e deu preferência ao amadurecimento dos personagens do que a uma grande trama, mantendo o clima leve e dinâmico do anterior, o que também custou a falta de uma aprofundamento mais sério que ocorre gradativamente nos quadrinhos.



      O filme inicialmente foca na dificuldade de Mindy tentado viver entre adolescentes comuns sem seu uniforme de Hit-Girl sob a tutela do policial Marcus, ex-parceiro de seu pai. A obediência exagerada em relação a não vestir seu uniforme novamente parece contraditória tendo em vista a personagem de personalidade forte que conhecemos no filme anterior, mas nos quadrinhos isso é justificado por um motivo melhor que a simples consideração ao pai postiço: originalmente a mãe de Mindy não foi assassinada e quando ela volta a morar com ela, Mindy reluta em voltar às ruas como Hit-Girl temendo pela segurança de sua mãe e não apenas pelo simples fato de Marcus pedir. Ao mesmo tempo assistimos a personagem de Chloë Moretz inserida no clichê feminino dos colégios americanos, com direito a "abelha rainha" lider de torcida e tudo, o que até compensa  num primeiro momento quanto temos a cena de dança misturada com golpes de luta, mas ao invés de Mindy parecer um personagem oposta a caricatura colegial ao seu redor, ela acaba sendo parte dele, deixando a personagem um pouco superficial ao invés de torná-la mais sensível.


      Isso aconteceu por que o diretor Jeff Wadlow não ousou mudar a formula usada por Matthew Vaughn, que deixou o comando do filme para apenas produzí-lo. Ao explorar a intimidade de uma personagem tão forte quanto Hit-Girl, a violência bem humorada do primeiro filme que permitiu atingir um grande publico estaria ofuscada por temas mais sérios. Ignorando que o público de Kick-Ass cresceu tanto quanto os atores do filme desde seu lançamento em 2010, Jeff Wadlow foi fiel aos quadrinhos para não errar, mas não deu o passo adiante que a trama pedia. Por outro lado, o personagem que desde a adaptação de Matthew Vaughn foi notavelmente diferente de sua versão original mostrou-se tão justificável quanto antes e muito mais interessante: Cada vez mais envolvido pelos conflitos que o tornou Red Mist, Chris decide se vingar de Kick-Ass e o resto do mundo como o vilão Motherfucker. O personagem interpretado Christopher Mintz-Plasse é digno de protagonizar novamente o filme como o antagonista principal, pois é talvez o personagem com melhor desenvolvimento em relação as duas produções, no entanto mais uma vez a falta de ousadia do novo diretor deixa de permitir que Chris seja mais cruel sob o uniforme de Motherfucker.


       A tão esperada participação de Jim Carrey com Coronel Listras e Estrelas realizou basicamente seu papel no enredo original, mas sua importância para seus companheiros do grupo Justiça Eterna pareceu ser esquecida no roteiro, quando na verdade ele é uma figura muito mais emblemática do que ativa, como Big Daddy. Quem eu não esperava me fazer vibrar foi justamente a personagem mais marcante do filme: o estilo durão de Mother Russia faz uma oposição perfeita a Hit-Girl e rende uma das melhores cenas do filme quando ela simplesmente avança contra um comboio policial, no entanto o confronto entre Mother Russia e Hit-Girl se revela muito menos violento do que deveria ter sido, afinal a mulher era quase o Colossus! E não é por acaso, pois ela foi interpretada pela fisiculturista Olga Kurkulina.


       Enquanto o desenvolvimento de Hit-Girl deixou a desejar, Kick-Ass cresce como super-herói durante todo o filme, deixando o jeito desengonçado de brigar para trás para enfrentar seus inimigos como homem, ao mesmo tempo que torna-se o grande parceiro de Mindy, mas definitivamente vestir a roupa de Big Daddy foi totalmente desnecessário. Aprimorar o uniforme de Kick-Ass teria sido bem melhor, o que de fato é sugerido na cena final.

       Kick Ass 2 pode não ter superado todas expectativas, mas o filme funciona e cumpre bem a sua proposta. Praticamente todos elementos que tornaram a produção anterior um sucesso estão lá: Violência cômica, referências pop e uma trilha que mescla temas heroicos com rock de garagem (incluindo uma regravaçãode a "A Minha Menina" dos Mutantes feita por uma banda britânica), mas a formula antiga não permitiu que as novas informações da sequência se desenvolvessem todo seu potencial. O filme não teve um bom desempenho nas bilheterias americanas e estreou em pouquíssimas salas no Brasil, arrecadando metade do lucro do primeiro filme o que indica a baixa probabilidade de vermos um terceiro filme da série, mas os quadrinhos de Mark Millar de Kick-Ass 3 estão a pleno vapor e prometem concluir a história. Para quem vai assistir o filem, vale avisar que há uma breve cena pós-créditos. Um abraço!

Felipe Essy

6 comentários:

  1. eu nao assisti kick-ass todo
    ainda nao lembro pq
    mas me interessei muito pelo enredo do segundo
    acho que vou reassistir o primeiro e depois pegar o 2 pra assistir

    paraomaridinho.blogspot.com

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    1. Se você curte quadrinhos e afins, é um baita filme Marcelle.
      Vale assistir, um abraço ;)

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    2. eu percebi que é muito bom pelo primeiro que é tipo uau
      mas ainda nao lembro o motivo por nao ter assistido ele todo (acho que preguiça)
      enfim so esse e o do harry potter q ate hoj quero saber o final e nunca vou atras de assistir

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    3. Foi engraçado a maneira como eu conheci o filme. Eu nunca tinha ouvido falar, mas achava o título curioso. Um dia assisti um trecho e pirei. Na época dos filmes do Harry Potter eu me decepcionei com o Cálice de Fogo e parei de assistir daí por diante. Somente há pouco tempo eu resolvi olhar todos e adorei. Um abraço Marcelle ;)

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  2. Confesso que eu esperava um pouco mais de violência na produção já o primeiro filme tem cenas incríveis (sem fazer apologia) que jorram sangue para todo lado. Com o amadurecimento dos personagens imaginei mesmo que o banho de sangue seria grande, porém fiquei frustrada. Em relação aos quadrinhos, que são muito mais violentos, também deixou um pouco a desejar, mas sabemos que filmes adaptados não são cópias de seus originais não é mesmo. Enquanto produção o filme é muito bom, Hit-Girl está perfeita em seus conflitos internos, o pai do Kick-Ass parece um personagem deslocado no início do filme porém cumpre bem o seu papel na trama. As várias referências sobre "não ser uma HQ e sim a vida real" foram muito oportunas já que a trama trata de caras normais tentando ser heróis!!! Vale o ingresso e a pipoca com certeza!!!!
    Quem sabe não sai um terceiro filme, afinal de contas Kick-Ass e Hit-Girl fazem uma boa parceria!!!!!

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    1. Eu também senti falta da violência satírica, mas o que eu mais me preocupou antes de assistir era como seriam desenvolvidos os personagens e nesse sentido e eu fiquei satisfeito, embora eu esperasse uma Hit-Girl menos clichê em relação aos seus conflitos. É claro que não podemos fazer uma comparação minuciosa entre os dois filmes como produção, pois eles tem diretores diferentes, mas como tratam-se de sequências é impossível não esperar que os aspectos principais sejam mantidos. É evidente a intenção de Jeff Wadlow em ser fiel tanto ao primeiro filme quanto aos quadrinhos, mas essa preocupação na forma acabou deixando a desejar no conteúdo, afinal Matthew Vaughn fez várias alterações importantes em relação a história original e ficou ótimo. Sobre uma nova sequência, acho pouco provável, tendo em vista a fraca recepção de público e crítica, mas principalmente em relação ao desempenho nas bilheterias: Kick-Ass 1 arrecadou 47 milhões nos EUA e cerca de 100 milhões mundialmente, enquanto a nova sequência não promete ultrapassar a metade dessa arrecadação, surpreendendo muito a Universal que considerava Kick-Ass 2 um das grandes promessas do ano.

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