quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Elysium com Sotaque Brasileiro

           Buenas, pessoal! Não é de hoje que artistas brasileiros tentam a vida nos cinemas americanos. Além dos já conhecidos diretores Fernando Meirelles com seu Jardineiro Fiel e Carlos Saldanha em A Era do Gelo, nossa terrinha de palmeiras também anda ganhando mais espaço na frente das câmeras e o grande destaque esse ano foi Alice Braga e Wagner Moura na superprodução Elysium que está no post de hoje.


          Confesso que fui meio arrastado para o cinema dessa vez. O trailer não tinha me animado muito, mas como a Marcinha queria muito assistir, lá fui eu. Me surpreendi com a maturidade da proposta do filme. Embora tenha todos os recursos de uma superprodução americana, Elysium destacasse justamente por não se perder em um monte de explosões e coisas do gênero. A trama narra uma legitima distopia, em que nos deparamos com um futuro onde a Terra que conhecemos virou o subúrbio da civilização humana enquanto a elite deixou o planeta na estação Elysium, uma incrível reprodução do ambiente em que vivemos. Nesse contexto, Max (Matt Demon) é um dos que sonha em sair do inferno marginal para a "terra prometida", mas acaba se envolvendo em algo muito maior que pode abrir as portas de Elysium para todos ou acabar com sua vida. Ouvindo (ou melhor, lendo) assim você pode achar que trata-se de um filme futurista, mas muito pelo contrário: a produção assinada por Neill Blomkamp faz questão de aprofundar o contexto de pobreza e exclusão em que Max está inserido para que entendamos o real significado de Elysium na história.


      Lá fora eu não sei, mas aqui Alice Braga e Wagner Moura decididamente roubaram a cena. Alice começou sua carreira internacional em 2006 e já tem um currículo respeitável, incluindo Eu Sou a Lenda. O novato da história é Wagner Moura, mas antes de Elysium, o baiano chegou a ser convidado para participar do novo Robocop, dirigido por seu amigo José Padilha de Tropa de Elite, mas não pode conciliar com as gravações do longa Serra Pelada que estreia dia 18 de Outubro. Em Elysium podemos ver o encontro dessa atriz que cresceu fora do país e do ator nacionalmente consagrado que busca o cinema além do que o Brasil é capaz de fazer - e entender - por enquanto.



       Alice Braga interpreta Frey que dividiu a infância com Max (Matt Damon) e divide algumas cenas com o protagonista num clima de amor de infância, numa interpretação simples, porém cativante. O personagem de Wagner Moura desempenha uma função mais importante ao longo do filme como o contrabandista Spider que oscila entre o bandido aproveitador e o idealista popular. Wagner teceu uma personalidade mais caricata ao personagem, que de início causa uma certa estranheza, mas se justifica ao longo do filme. Embora sua nacionalidade não seja declarada, em alguns momentos ouvimos Wagner dizer algumas expressões em português, já a Frey Santiago de Alice Braga parece ser de origem mexicana, o que faz sentido já que o filme se passa em Los Angeles onde metade da população tem raízes latinas.

   Como disse o próprio Wagner Moura, Elysium é um dos poucos filmes em que temos uma superprodução capaz de atingir um grande publico e que tem realmente algo a dizer. Elysium não se trata de uma ficção científica cheio de tecnologias exuberantes sobre um futuro improvavel. É sobre hoje e sobre nós. Cada vez mais eu entendo que existem muitas Elysiums, mas é algo tão longe da minha realidade que ainda parece coisa de filme americano.

Felipe Essy

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