Assistindo o trailer de Wolverine: Imortal, eu confesso que não fiquei com muita vontade de ver o filme, mas resolvi olhar e acabei surpreendido. O sexto filme da saga dos mutantes explora a vida de Logan fora dos X-Men, mas sem voltar ao tema batido do seu passado. É uma boa aventura solo do personagem começando com uma briga num bar americano de fim de mundo, como de costume. O novo filme explora a parte da história do anti-herói que se passa no Japão, muito importante nos quadrinhos, sem retratar o país como uma Disneyland oriental. Através desse novo contexto Wolverine se depara com a forte filosofia dos samurais que acrescentam um ingrediente interessante ao filme que, por incrível que pareça, conseguiu trazer de volta a dignidade do personagem à franquia e fazer um pequeno gancho para o novo filme dos X-Men, Dias de Um Futuro Esquecido. Vale a pena assistir, mas não espere ver uma adaptação fiel da série de Claremont e Frank Miller de 82.
Se você já assistiu ou não se importa de saber revelações do enredo, confira a minha opinião sobre o filme e entenda melhor algumas pontas soltas:
S p o i l e r s a d i a n t e !
Apesar de Wolverine ter sido feito dez anos depois dos X-Mens originais, ele roubou a cena tanto nos quadrinhos quanto nos filme e desde o início ele não foi o típico protagonista, muito pelo contrário: sua primeira aparição nos quadrinhos foi como um vilão e isso revela a essência anti-herói do personagem que foi definida como conhecemos um tempo depois por Frank Miller na primeira frase da HQ que inspirou o novo filme " Eu sou o melhor no que faço, mas o que eu faço não é muito legal".
Na série de quadrinhos de 1982, Frank Miller definiu a personalidade bruta e vingativa de personagem, mas apesar da interpretação visceral de Hugh Jackman, o Wolverine dos cinemas nunca foi sombrio o suficiente para construir a mesma imagem que tinha nos quadrinhos, mas acredito que essa nunca foi a intenção dos estúdios, já que fazer filmes com restrição de público definitivamente não banca Hollywood. Originalmente, a personalidade rústica e violenta de Logan era a principal causa de ele estar frequentemente envolvido em brigas e vinganças, sendo esse um dos motivos do seu distanciamento da vida comum e dos outros X-Men, mas o lado negro de Wolverine acaba aparecendo nas telas apenas como um mau humor que funciona muito mais como uma pose de mau do que qualquer outra coisa. Com todos os contras, Hugh Jackman encarna o personagem com tanta convicção que é impossível não acreditar em Wolverine e somos convencidos de que os roteiristas deveriam dar a mesma profundidade ao personagem que Jackman.
A primeira cena de Wolverine é talvez a melhor de todas: Assistimos a dramaticidade dos últimos momentos dos soldados japoneses aguardando o ataque fatal da bomba atômica e percebemos que uma câmara no chão aprisiona um perigo indomável, Wolverine. A tensão gerada por essa introdução é incrível e poderia ter sido mantida ao longo do filme, mas infelizmente isso não aconteceu. Mesmo a fotografia não sendo um dos elementos mais explorados nas adaptações dirigidas por Bryan Singer quanto outras do gênero, o inexpressivo novo diretor James Mangold perdeu uma grande oportunidade de utilizar os recursos visuais vistos na famosa série de Claremont que transmitiu a perspectiva sombria com que Logan enxergava a vida ao seu redor, mas como eu disse, a cena inicial é realmente surpreendente, nos mostrando Wolverine aguentando uma explosão nuclear para salvar o soldado Yashida, peça central da trama do filme e tema do próximo parágrafo.
No filme, Haruhiko é o líder do poderosos clã Yashida e pede o seu salvador do ataque nuclear, Wolverine, que o visite no seu leito de morte. Atendendo ao chamado, Logan sente-se atraído pela neta do patriarca, Mariko, no entanto o pai da moça e herdeiro do legado Yashida não disfarça nem um pouco a hostilidade contra o mutante ocidental. Se você ler os quadrinhos, talvez você fique um pouco confuso, por que o líder do clã originalmente é o pai de Mariko e não o seu avô. Isso acontece por que o personagem que é salvo por Logan na verdade não existe na história escrita por Frank Miller, pelo menos eu não achei qualquer vestígio da existência dele nos quadrinhos, ao que indica que o patriarca veterano de guerra foi uma ferramenta criada pela produção do filme para trabalhar melhor a temporalidade, no entanto isso acabou prejudicando um dos personagens principais na trama, o pai do romance nipônico de Logan, o Shingen Yashida. Nos quadrinhos, o personagem é o verdadeiro líder do clã Yashida e mostra-se páreo para derrotar Logan - fazendo-o de fato quando Wolverine ainda se encontrava sob o efeito de algumas substâncias, porém Shingen não representa nada além de um obstáculo no filme, sendo facilmente derrotado por Wolverine e essa trama de família é o motivo de uma grande confusão.
No início fica claro que o patriarca Haruhiko Yashida tem más intenções quanto a Logan, afinal aquele papo de oferecer a morte ao mutante em retribuição pelo salvamento do passado definitivamente não convence quando quem fala está com o pé na cova e provavelmente bem interessado na imortalidade, mas esse não é o problema principal do roteiro: Após a morte de Haruriko, uma série de eventos sem explicação começam a acontecer, com direito a máfia Yakuza e tudo, mas ao invés de criar um ambiente de tensão oferecendo pistas do que está acontecendo, o filme apresenta cada vez mais e mais informações que não fazem o menor sentido até que alguma coisa é explicada na última cena do filme, deixando uma série de buracos que a maioria das pessoas não entendeu. Vamos a algumas delas:
Quando Wolverine chega à casa de Yashida, nós vemos apenas homens armados como típicos ocidentais e em momento nenhum ligamos o clã Yashida aos ninjas, oque torna impossível para uma pessoa comum entender que no final do filme aquele ninja apaixonado por Mariko e seu bando estavam ajudando Yashida por que eram servos de sua família. Esse mesmo personagem aliás, é o Samurai de Prata, um grande adversário de Logan nos quadrinhos que acabou como um mero coadjuvante no filme. Outra coisa que não deu muito certo foi "dividir" o personagem do líder dos Yashida em dois, ou seja, no pai e no avô, e deturpar totalmente a imagem do líder do clã que confronta Wolverine com suas ideias de honra milenar, quando na verdade ele está almejando um poder por meios que tiram o seu direito de líderar o clã, mas essa dubiedade do personagem se perde com a parte boa e ruim sendo separadas, tornando ambas motivações fracas demias para que nós consideremos o lado negro da trama. Ao invés de separar os ninjas Yashida dos bandidos da Yakusa comandados pelo pai de Mariko, teria sido muito mais interessante que as duas forças fossem controladas pelo mesmo personagem, como ocorre na HQ, sendo a quebra dos princípios de honra que guiam o clã Yashida a justificativa para a execução do líder e não por que a família toda enlouqueceu e resolveu se matar de katana.
Além das sequências de ação que merecem meu respeito, a atuação de Tao Okamoto é o que provavelmente salvou a personagem de Mariko de ser mais um amor que não convenceu, como a Jane Foster de Natalie Portman em Thor. Okamoto conseguiu fazer a difícil representação de uma mulher que respeita a tradição japonesa não por passividade, mas por aquelas ideias serem parte dos seus próprios valores. O mesmo não se pode dizer da outra personagem nipônica da trama, Yukio. Nos quadrinhos, Wolverine e Yukio se envolvem durante o resgate de Mariko pela semelhança de pensamento assassino que ambos possuem e no início do filme nós acreditamos durante um bom tempo que Yukio irá ajudar na exploração do lado mais sombrio de Logan, no entanto assim que ela vira boazinha e vira guarda-costas do Wolverine a essência da personagem se perde e sua presença passa a ser descartável na história - principalmente naquele final absurdo. Quando eu percebi que aquela armadura não era do final do filme não era do Samurai de Prata, eu confesso que fiquei bem decepcionado por que era um personagem que eu esperei o filme todo para ver. Nem vou falar da Víbora por que não é para sentar o sarrafo que eu fiz esse post.
Apesar de tudo que eu reclamei aí em cima, eu gostei muito do filme. Sim, muita coisa deixou a desejar, mas definitivamente esse filme me cativou mais do que o Wolverine de X-Men Origens. James Mangold conseguiu introduzir o elemento oriental que é muito importante na história do personagem nos quadrinhos sem transformar o Japão num evento de Cossplay e nem ignorar as peculiaridades culturais. Poderia ter sido melhor? Claro que sim, mas Wolverine: Imortal cumpriu seu objetivo principal que era abranger as possibilidades de exploração do personagem com novos elementos e eu considero isso um bom resultado.
A cena pós-créditos deu um bom gancho para o próximo filme da franquia mostrando o anúncio das indústrias Trask sobre tecnologias de proteção à espécie humana no monitor do aeroporto onde Logan encontra Magneto e Xavier. A Trask é a responsável pela criação dos sentinelas feitos para exterminar os mutantes e esse é o tema da nova trama em Dias de Um Futuro Esquecido, inspirado no quadrinho do mesmo nome e com estréia marcada para 18 de Julho do ano que vem, mas isso já é assunto para outro post. Um abraço!
Felipe Essy
Aff ... os créditos finais valeram o ingresso!!! Nem precisava do filme, srsrsrs.
ResponderExcluirWolverine é de longe o meu anti-herói preferido, nada de cueca por fora das calças (eu acho que eu tenho algum trauma com cuecas) nada de salvar o mundo e chorar a morte do inimigo, muito menos jurar amor eterno apenas a uma única mulher. Ele sai sentando o sarrafo em todo mundo, tingindo de sangue o cenário inteiro e nem se importando comm quem passa na frente dele desde que ele sobreviva. Wolverine como eu te amo!
O filme é mais ou menos, mas acho que porque eu não li os quadrinhos então todo o cenário me soou estranho, senti falta dos americanos (olha o preconceito Marcinha) mas como produção o filme é muito bom. Tá, não precisava do Gigante guerreiro Daileon prateado embora ele faça parte das histórias do Wolverine, acho que foi um exagero para quem conhece o nosso herói apenas nas telas. Ah, curti muitooooo o figurino da Hitgirl, não era a Hitgirl??? Errei o filme??? Por vezes até pensei que era um mangá... tipo Dragon Boll Z.. rsrssr a personagem Yukio é muito perfeita, parece mesmo saída dos quadrinhos. Gostei da parte que as garras dele foram arrancadas... ui, para quem não sabe as garras dele são de ossos.. teve gente que já brigou comigo por causa disso teimando que as garras foram colocadas, vai ler Origens pelo amor de Deus. Nossa isso ta virando um post...
Eu gostei do filme enquanto produção cinematográfica mas não como um filme do Wolverine. depois do final é épico e eu tive vontade de dar um grito dentro do cinema, mesmo... e que venha Dinhas de um Futuro esquecido.. distante... magnético????
Para ser sincero eu achava que ia estranhar o novo cenário nos cinemas também. Eu já havia lido algumas histórias, mas só recentemente eu li os quadrinhos do Frank Miller que se passam totalmente no Japão. Eu acho legal essa coisa de o Wolverine vagar por vários lugares, afinal ele é mesmo deslocado por uma série de coisas. Sobre a Hit... que dizer, a Yukio, eu acho que ela devia ter continuado a bancar a Hitgirl mesmo, que ela ganhava mais, mas fazer oque??? rssss
ResponderExcluirSobre o ganho do final, acho que poderia ter terminado mostrando o Magneto de cabeça baixa e tava ótimo. Sem falas, sem Xavier aparecendo! Por que os personagens chatos nunca morrem de verdade? Volta Dentes-de-sabre!!!
Quanto ao final pós crédito também acho que poderia ser apenas o Magneto sem diálogos, mas acredito que os "menos fãs" não iriam entender o link com o Primeira Classe... Enfim... esperemos por Kick ass.. ops... Dias de um futuro... não quero nem imaginar como vai ser esse De Volta para o Futuro...
ExcluirOu vai ser muito bom, ou vão fazer outro filme para arrumar rssss
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