Antes de assistir Grande Gatsby, eu li uma crítica nada favorável publicada no jornal, reafirmada por outras dezenas depois. Assistindo o filme, fiquei sem entender o que desagradou tanta gente, já que eu realmente achei ele ótimo, mas não é a primeira vez: A história do cinema está cheia de filmes jogados no limbo do esquecimento sem nem sempre merecer. Pensando nisso, resolvi fazer essa lista de cinco filmes que eu salvaria da fogueira da opinião pública sem nenhuma vergonha:
TRON - LEGACY (2010)
O filme é um remake de uma produção de 1982 que também não fez muito sucesso inicialmente e depois tornou-se cult. Muita gente disse que o filme é fraco, com excessão da maravilhosa trilha do Daft Punk (que eu estou escutando agora, aliás). Eu não assisti o original, mas pelo o que eu sei, seus temas de realidades virtuais e conflitos filosóficos entre homem e suas obras tecnológicas fizeram a cabeça de muita gente, mas a nova produção de Joseph Kosinski fugiu do deslumbramento com o futurismo e decepcionou muita gente que esperava ver um épico high-tech, quando na verdade o filme é predominantemente escuro e tem um trabalho rigoroso na beleza da sutileza estética conduzida através da trilha do Daft Punk, misturando arranjos de orquestra com releituras de músicas eletrônicas oitentistas. A grande questão do filme fica entre os dois personagens principais interpretados por Jeff Bridge: o criador da realidade virtual aprisionado por sua cópia digital há vinte anos, que aliás impressiona mostrando o poder da computação gráfica em rejuvenescer Bridges para o papel.
A LIGA EXTRAORDINÁRIA (2003)
Constante nas listas de piores adaptações, A Liga foi uma das minhas produções favoritas na época que o primeiro X-Men abriu um novo mercado, no entanto foi repreendido por sua deturpação das histórias originais da HQ e nunca mais se ouviu falar de seu diretor Stephen Norrington, que também fez o famoso Blade em 1998. Não se sabe se foi Sean Connery que manipulou a produção para que seu personagem virasse o elemento principal da Liga, mas o fato de ele ter agredido o diretor durante as filmagens é bem sugestivo. Com todos os poréns, eu sempre considerei A Liga Extraordinária como um ótimo filme, não como uma adaptação, mas como filme com fim em si mesmo. Bem produzido e cheio de personagens cativantes com frases de efeito, eu deixo meu orgulho de nerd ortodoxo de lado e aproveito o que o lado bom das besteiras que Hollywood pode oferecer.
THOR (2011)
Outra adaptação dos quadrinhos que não agradou: Com o filme Vingadores à caminho, a produção teve que arranjar um jeito de dar um motivo para Thor se preocupar com a Terra, socando goela abaixo o romance sem sal nem açúcar entre o deus do trovão e Natalie Portman, enfraquecendo a justificativa da história, no entanto eu acho que os méritos do filme são tão grandes que isso é um equivoco perdoável de roteiro. Eu não conseguia imaginar como a produção faria para tornar o deus da mitologia nórdica num super-herói moderno até ver o filme: as explicações científicas e principalmente o refinamento estético dos cenários conseguiram tornar a existência de Thor e seu universo plausíveis. A grande sacada do filme foi explorar os conflitos familiar entre o pai Odin e seu filhos Thor e Loki, com ar de tragédia shakespeariana, ambientado entre a Terra e a magnífica Asgard construída pelo diretor Kenneth Branagh, que infelizmente foi substituído sem dó nem piedade para a sequencia desse ano.
O GRANDE GATSBY (2013)
Eu não poderia deixar de falar do filme que deu origem a essa postagem, mas como eu já falei bastante da produção em outro post (leia aqui), vou falar dele como adaptação. A crítica recorrente ao filme se firma na absurda ideia de que ele superficializa os personagens tentando seduzir o espectador com um espetáculo visual pirotécnico. Não sei de onde tiraram isso, mas a adaptação de Baz Luhrmann não poderia ter sido mais fiel: O livro é muito descritivo e não havia modo melhor de transmitir a beleza das imagens escritas por F. Scott Fitzgerald do que criar um filme visualmente deslumbrante, sem no entanto pecar na verossimilhança. A produção seguiu quase a risca o enredo da obra, utilizando inúmeras vezes falas e trechos inteiros do livro, contando inclusive com a narração do personagem Nick Carraway, de Tobey Maguire. O que vai assegurar a Baz Luhrmann o "resgate" de seu filme do limbo, é a ampliação de pequenos detalhes do livro que tornam o filme maravilhoso desde a metáfora do farol da abertura e no encerramento.
Essa foi a minha breve lista de bastardos de Hollywood. Não espero que ninguém mude de opinião sobre eles, mas não deixa de ser bom se te fez repensar alguma coisa. Um abraço!
Felipe Essy
Oi Mariana! Fico feliz que tenha gostado. Conferi teu blog e achei ele muito bacana. Não pude deixar de comentar o post do "Fazendo Meu Filme" ;)
ResponderExcluirUm abraço!