A internet nos libertou do monopólio cultural da televisão e do rádio, nos dando não apenas acesso a bandas que conseguiam se destacar, mas também ter contato com artistas incríveis que não frequentam as grandes mídias. Eu pessoalmente adoro descobrir uma banda nova para escutar e eu resolvi falar para vocês sobre quatro bandas que eu curto muito e uma surpresa de última hora. Então vamos lá!
M A N A C Á
Num sábado sem perspectivas, eu estava no computador com os fones no ouvido e os olhos na televisão sem som. De repente eu percebi que uma moça num vestido de retalhos cantava de uma banda que incluía um acordeon. Embora eu não tenha ouvido direito no momento, resolvi guardar o nome para conhecer melhor em outra oportunidade. Tempo depois eu ouvi que um grupo com aquele mesmo nome estava participando da trilha de uma ousada releitura de Dom Casmurrro para televisão. Quando eu finalmente resolvi escutar o Manacá com atenção, eu nunca mais me livrei do vício.
Formada pelos grandes músicos Luiz César (cordas), Bruno Baiano (percussão), Danny Wally (baixo) e Letícia Persiles (vocais), o nome se refere a uma planta alucinógena descrita por Ariano Suassuna em A Pedra do Reino e essa influência literato regional revela bem a essência do grupo. Um rock brasileiro construído entre a riqueza da cultura nordestina e carioca. O grupo ganhou destaque nacional com a participação da vocalista Letícia na minissérie Capitu em 2008 com o papel título, que acabou inspirando o clip abaixo da canção Diabo:
O contato da banda com o projeto Quadrante, que visa adaptar obras literárias brasileiras para a televisão, desenvolveu as ideias que formavam a identidade do Manacá e os impulsionou em novas esferas de atuação. O resultado dessa troca de experiências foi o maravilhoso disco homônimo da banda, ricamente produzido lembrando os elementos culturais nordestinos e literários tão presentes nas canções. Infelizmente a banda se dissolveu em 2010, mas não sem dar origem a outra tão boa quanto:
T U R M A L I N A
A breve existência do Manacá não foi suficiente para o guitarrista Luiz César desenvolver as ideias do trabalho que tinha apenas começado e foi com as letras incríveis cantadas por Diogo Brandão, a sanfona de Rodrigo Ramalho, a batida de Uirá Bueno e os graves de Daniel Martins que uma nova convergência de ideias deu origem a mais uma banda para não tirar dos ouvidos. Embora a Turmalina também seja um amadurecimento das ideias do Manacá, essa não foi a única experiência a constituir a identidade do grupo que conta com ex-integrantes das bandas Benflos, El Efecto, Rockz e Raiz do Sana. As letras trabalhadas e as melodias acústicas bem trançadas com o "sintético" criam um equilíbrio que não pende mais do que deveria para nenhum dos lados, resultando em alguns singles em 2010, como Guardanapos Rabiscados que você pode conferir abaixo:
Recentemente a banda divulgou que o disco que vinham gravando está concluído e não faltam pessoas felizes por isso, eu com certeza vou aporrinhá-los até eles virem para o Sul. Se você curtiu a banda e ficou com aquela vontade de ouvir mais, da uma olhada no vídeo de ensaio da canção Quando o Lampião Apaga:
Atualmente o grupo esta na companhia de ninguém menos que Serginho Mallandro, fazendo a festa como a banda fixa do programa Papo de Mallandro, no Multishow. Se já não bastasse todo esse trabalho, o guitarrista Luiz César adentrou em um novo projeto chamado Pessoal da Nasa que acabou de fazer seu show de estreia. Você também pode conferir um pouco desse novo trabalho aqui, na pagina do face da banda.
Inspirados pela cultura céltica que emana dos pubs irlandeses, esse conjunto surgiu na capital alegre e nos leva para a Ilha Esmeralda nas ondas sonoras da musica tradicional irlandesa, contando causos entre uma canção e a cerveja. A banda conta com o violão de Victor de Franceschi, Caetano Machio no Bandolin e Banjo, além do nosso rapadura Renatinho Muller na gaita ponto, que passou a integrar o grupo ano passado. Se a festa já estava boa, de vez em quando o carioca Alex Navar traz sua gaita de fole irlandesa que deixa todo mundo maravilhado, além de curioso! Confira a canção Craig's Pipe Set:
Foi através desse mesmo vídeo que eu conheci o grupo por acaso enquanto procurava algo de interessante para escutar e foi exatamente oque eu encontrei. Os Irish Fellas já estiveram por aqui tocando no Meia Meia 2, mas se você não quiser esperar a próxima visita, também da para conferir as costumeiras apresentações deles no Mulligan Irish Pub, em Poa.
D A M N L A S E R V A M P I R E S
"Uma banda que parece ter saído de um Saloon na Transilvânia". Talvez essa seja a melhor definição que eu já dei para o power trio de Porto Alegre até hoje quando tentei descrevê-los. Com influências que vão desde o punk até a polka, Ron Selistre, Francis K e Michel Munhoz formaram a Damn Laser Vampires não apenas como um grupo de músicos, mas como uma banda com um conceito expressado através do figurino, das canções e das performances, mesclando a ousadia do cinema primitivo, quadrinhos subversivos e o bom e velho rock de bar. Eu conheci a banda num show no saudoso Pur'Arte em 2007. A primeira faixa a me conquistar foi Bracadabro, que mostrava bem a essência de todas as canções: melodias vintage com a energia de riffs sujos de guitarra levada numa bateria bate-estaca. Mais duas faixas se destacam no primeiro disco lançado em 2008: Graveyard Polka, um "punk rock de velho bêbado" como diria a banda, e Saint of Killers, com a qual é impossível não sair da cadeira.
A banda já tinha conquistado um publico fiel com suas performances intensas, mas foi com o primeiro disco The Gotham Beggars Syndicate que veio o reconhecimento oficial, sendo inclusive considerado um dos melhores discos do ano. Motivados, a Damn Laser Vampires lançou em 2010 seu segundo disco, Three-Gun Mojo, que traz de volta o polka-trio com uma baita material. A influência oitentista nos agrada, o flerte com o psychobilly nos ganha, mas essa é uma daquelas bandas que você só vai entender ao vivo, infelizmente eles estão dando um tempo dos palcos após anos direto na estrada, mas nada impede a volta. Para matar a maldita saudade, nada melhor que o clip de Everybody Were Stoned, que reúne filmagens dos shows da banda e coisas da estrada:
Atualmente o vocal e guitarrista Ron concluiu seu projeto solo Solomon Death que aprofunda alguns elementos de melodia oitentista presentes na banda através de recursos eletrônicos num disco bacana para quem gosta de experimentalismo que você pode conferir pela faixa Pretend aqui:
Atualmente o vocal e guitarrista Ron concluiu seu projeto solo Solomon Death que aprofunda alguns elementos de melodia oitentista presentes na banda através de recursos eletrônicos num disco bacana para quem gosta de experimentalismo que você pode conferir pela faixa Pretend aqui:
Essa banda não estava planejada para o post, mas foi impossível não falar deles assim que eu escutei e descobri que a Lautmusik era de Porto Alegre. Eu estava escutando o Solomon Death, do Ron Selistre, enquanto escrevia a postagem quando a ultima faixa do disco terminou e o Soundcloud automaticamente começou a executar essa banda. Gostei da primeira musica, então deixei rolar. Na segunda eu pensei "Bah, é boa mesmo." Na terceira eu fui obrigado a parar o que eu estava fazendo para saber quem é que tinha feito aquilo! Ouça aí você também!
O grupo mistura o rock pós-punk num embalo pop que você não sabe se curte como uma viagem de banda de garagem ou sai dançando. O som ainda conta com a voz charmosa de Alessandra Lehmen que da um toque especial às músicas. O grupo lançou seu primeiro album Lost in the Tropics em 2011 após dois EPs e atualmente a única forma de adquiri-lo é apoiando o projeto da banda no site Catarse para a realização de seu segundo clip, o Tugboat. Eu já dei minha contribuição, se você também quiser o seu disco, então corre lá que restam apenas 20 dias para participar! Olha aí o vídeo da banda comentando o projeto:
Bem, pessoal, essa foi minha sugestão de bandas para você não deixar de conhecer. Além de serem muito boas, elas são daqui e algumas até já estiveram em Santo Antônio, então acho que realmente nunca é demais ajudar esse pessoal a divulgar seu trabalho e mostrar que não é preciso ir muito longe para escutar musica boa. Um abraço!
Felipe Essy
Felipe Essy
Fala Felipe,
ResponderExcluirFico muito feliz de saber que acompanha o meu trabalho e que gosta dele ha tanto tempo.
Mais recentemente adentrei um novo projeto que considero de grande potencial chamado PESSOAL DA NASA.
Se puder, vale a audição;
https://www.facebook.com/pages/Pessoal-da-Nasa/524691294215126?id=524691294215126&sk=app_178091127385
grande abraço
Luiz César Pintoni
E aí Luiz, curto muito o teu trabalho e venho acompanhando teus projetos desde que te conheci no Manacá. Estou louco para ouvir o novo disco da Turmalina na integra, que aliás ta de parabéns, e achei o Pessoal da Nasa muito bacana, lembra bastante algumas bandas aqui do sul. Falando nisso, vai rolar show por aqui? Aquele abraço!
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