quarta-feira, 6 de março de 2013

A Foice, o Martelo e o Homem de Aço


      Você deve estar se perguntado o que quer dizer afinal o título do post, mas principalmente por que eu estou falando de Homem de Aço quando na verdade eu deveria estar falando do Homem de Ferro? Bem, isso é uma coisa que você só vai entender mesmo lendo até o final, mas basicamente eu estou aproveitando a estreia do novo filme sobre Tony Stark para falar da origem de alguns super-heróis e de algumas histórias sobre eles que nem todo mundo conhece. Então, vamos lá:


Batman – 1939 

        O Cavaleiro das Trevas surgiu de uma maneira muito mais simples do que se possa imaginar: Com o sucesso de Super-Homem, aquela que futuramente seria a DC Comics pediu que novos super-heróis fossem criados, então Bob Kane e Bill Kane criaram a imagem inicial do personagem que conhecemos hoje. Inspirado nos detetives dos romances policiais misturado com a teatralidade dos super-heróis que vinham emergindo nas revistas em quadrinhos, o Batman se tornou um herói diferenciado por nunca se distanciar muito da realidade ao contrário de outros personagens. Sem poderes, era apenas um homem por trás de uma fantasia que combatia o crime com um requinte dramático no bom e velho estilo de investigação dos detetives de filmes preto e branco, no entanto o aspecto sombrio de sua personalidade somente consagrou o personagem após os quadrinhos The Dark Night Returns (1986) e Year One (1987), de Frank Miller e The Killing Joke (1988), de Alan Moore. Vale a pena dar uma conferida nessas obras que foram as principais referências para a aclamada trilogia sobre o homem morcego adaptada para o cinema por Christopher Nolan entre 2005 e 2012.





Capitão América - 1941 

       Não é a toa que o líder dos Vingadores tem esse nome patriótico, pois sua criação foi uma intencional iniciativa de promoção do patriotismo americano e seus ideais durante a II Guerra Mundial. Isso poderia parecer bizarro hoje, mas a capa da primeira edição de sua revista mostrava o Capitão América literalmente golpeando Hitler representando a resistência americana contra a tirania nazista, que foi basicamente o eixo das primeiras histórias do personagem, explorando o medo e imaginário dos leitores em relação à “ameaça vermelha”. Na adaptação cinematográfica de 2011 a primeira capa foi homenageada quando o Capitão América se apresenta em shows derrotando um ator encarnando Hitler. Após o fim da guerra o personagem caiu no esquecimento, voltando alguns anos depois ganhando o posto de líder dos Vingadores. Falando neles... 





O Homem de Ferro – 1963 

       Desde a revolução industrial o interesse pela tecnologia sempre cresceu povoando o imaginário coletivo. Viagens interplanetárias, insetos gigantes e robôs do futuro eram o que mais tinha e o Homem de Ferro não poderia ter surgido numa época mais adequada. Sua primeira aparição ocorreu no número 39 da série de quadrinhos “Tales of Suspense” em 1963 combatendo comunistas. Pode soar estranho e até preconceituoso hoje em dia, mas nos anos 60 os comunistas eram considerados tão perigosos quanto os atuais terroristas nos Estados Unidos e a constante campanha americana contra esses ideais militantes só deixavam a imaginação dos leitores – e principalmente dos criadores – de quadrinhos mais fértil para uma história de bandido e mocinho, mas agora com uma armadura de ferro. No filme de 2008, os inimigos comunistas do personagem foram sabiamente substituídos por terroristas, atualizando o personagem de uma forma tão idealmente divergente como originalmente foi. Conforme as pessoas passaram a censurar a interferência dos Estados Unidos no conflito entre forças comunistas e não comunistas no Vietnã, o personagem Tony Stark passou a repensar seus próprios ideais dando a riqueza da personalidade contraditória do personagem que conhecemos hoje. 


X-Men - 1963 

        Os filhos do átomo, como também são conhecidos os Mutantes, não surgiram apenas graças a diversas oportunidades de povoação do imaginário coletivo como pode-se pensar a principio. Stan Lee havia se consagrado com a criação do Quarteto Fantástico, Homem Aranha e Homem de Ferro, mas Stan viu no universo Marvel uma possibilidade mais interessante do que viagens espaciais e tecnologia: a humanidade. Não a raça humana, mas os conflitos originados da sua condição limitada e fadada a contradição dos seus próprios princípios. Vendo assim parece mesmo coisa de história em quadrinhos, mas nos anos 60 a segregação racial nos Estados Unidos e todo conflito cultural da época foi um prato cheio para uma história sobre uma raça de Mutantes que busca seu lugar na sociedade tendo que lutar contra o preconceito tanto do lado oposto quando do seu próprio lado e assim surgiram os X-Men.





        Inicialmente a equipe do Professor Xavier era composta apenas por Hank (Fera), Ciclope, Garota Marvel (Jean Grey), Anjo e Homem de Gelo, mas no filme Primeira Classe essa formação original teve que ser adaptada tendo em vista os filmes anteriores. Nem vou entrar em detalhes sobre a relação quadrinhos e filmes por que quem conhece bem ambos sabe que é uma bagunça, então vamos deixar assim. Nos primeiros volumes da revista, os X-Men basicamente enfrentam Magneto e a Fraternidade dos Mutantes e pouco além de algumas frases explicam a origem dos mutantes, tendo esse espaço sido preenchido com dezenas de publicações posteriores. Recentemente foi publicada a serie Noir, recontando a origem de famosos personagens da Marvel ao estilo dos filmes expressionistas da década de 40, incluindo os X-Men e o mais celebre membro da equipe que somente entrou para o grupo quase quinze anos depois: Wolverine, mas esse é um que eu me abstenho de explicar as dezenas de origens. 




Super-Homem – 1938 

         Não é a toa que o Homem de Aço tem a fama que tem, por que afinal quem tem juízo respeita os mais velhos e poucos personagens antigos como o Superman ainda atingem um publico tão grande depois de tantos anos, mas nem sempre foi assim. Em 1933, os dois criadores Jerry Siegel e Joe Shuster um vilão com poderes telepáticos para uma história chamada “O Reino do Super-Homem”, mas achando que aquele nome poderia ter um destino melhor, a dupla começou a desenvolver o protótipo do personagem que conhecemos hoje ao longo de algumas histórias anteriores até que finalmente sua imagem e personalidade foram definidos para sua estreia na famosa revista Actions Comics em 1938. 

       Vale notar que o Super-Homem foi a base para todos os outros super-heróis que vieram depois, principalmente em relação ao visual. Sua musculatura farta foi inspirada nos heróis mitológicos Hércules e Sansão, sua roupa colada e colorida veio dos fisiculturistas de circo, mas por mais que aquela cueca por cima das calças seja chamativa, a parte da indumentária do Homem de Aço mais importante na verdade é a capa vermelha, pois isso rompeu com o europísmo estético dando inicio a uma modernização das roupas dos personagens de histórias em quadrinhos originando os uniformes estilosos que conhecemos hoje.



       Eu pessoalmente nunca gostei do personagem, mas após começar a ler a série de quadrinhos Red Son que conta oque teria acontecido se o Super-Homem tivesse se atrasado 12 horas no seu trajeto de vinda para a terra e caindo na União Soviética ao invés dos EUA me fizeram mudar de ideia. 



       Enfim, pessoal: a lição que fica é que não importa o quanto um super-herói possa parecer coisa de criança, se você quiser olhar além da superfície você vai perceber que há mais no fundo do que uma homem numa fantasia.


F. Essy

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