quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

E o Oscar vai para... onde quer




       Buenas Pessoal! Todos já conhecem os premiados do Oscar e está na hora de falar um pouco sobre a escolha dos vencedores. Como eu não assisti a todos, vou comentar apenas sobre os que eu assisti, mas isso já da bastante pano para a manga por que esse ano a Academia de Cinema fugiu do favoritismo que prometia quase tudo para Os Miseráveis e todos se surpreenderam com o resultado, incluindo os próprios vencedores. Então vamos lá: 











Melhor Filme, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Montagem – Argo 

      De todos os indicados, provavelmente Argo era o mais improvável e acabou levando o prêmio mais importante além de alguns outros. Ainda tem muita gente chiando como o filme de Ben Affleck pode ter ganhado de outras obras mais caras e dramáticas como Os Miseráveis, mas como eu já disse: achei uma iniciativa boa – e corajosa - da Academia recusar o prêmio aos blockbusters como O Hobbit que pecaram em coisas básicas por se acharem bons o suficientes para fazerem o que achassem melhor, deixando para um filme apenas muito bom que soube “fazer o seu dever de casa” levar o prêmio sem necessariamente ser melhor, mostrando que o que faz um filme ser bom não é o tamanho do barulho e o brilho de seus efeitos especiais, mas a qualidade da obra como um todo e nesse sentido Argo foi realmente excelente como poucos. A edição do filme e a forma como o enredo se desenvolve foi muito bem trabalhada numa narrativa progressiva e dinâmica sabendo utilizar o suspense e merecidamente reconhecida por isso. 




      Sendo uma história sobre política e principalmente sobre um conflito que ainda não acabou, Argo gerou muitas críticas sobre a veracidade de seus fatos. Não entendi se foi somente o filme que alterou alguma coisa ou se foi o livro, mas de qualquer forma eu acho que as pessoas que não estão acostumadas a ler sobre os bastidores da produção de filme esquecem que alterações – ás vezes absurdas – acontecem SEMPRE em adaptações e não achei que isso prejudicou o entendimento da história. Não importa se foi os EUA ou o Canada que realizaram a operação Argo, o importante é como aquela situação aconteceu e isso acho que sendo verdade ou não mostrou uma coisa bem real. Parafraseando minha querida professora Terezinha Marques: “A História oficial se diz verdade para contar uma mentira enquanto a Arte se diz mentira para poder dizer a verdade.” 


Melhor Animação – Valente 

Atenção: Contém revelações sobre o final da história 

       Não é a toa que a Disney tem o nome que tem e soube mantê-lo muito bem. Depois de produzir belas adaptações de contos clássicos como Branca de Neve e Bela e a Fera, a formula se desgastou e todos acharam que era o fim da Fábrica de Sonhos, mas a inovação e ousadia da equipe novamente surpreenderam, mas não estou falando da bem sucedida atuação na produção de filmes mais adultos como Piratas do Caribe ou Vingadores, mas sobre uma animação inusitada: Valente. Ao invés de re-copiar a ideia de animações computadorizadas de comédia, a Disney decidiu fazer um desenho sobre uma garota deslocada de seu meio que insiste em tentar moldá-la a um padrão que não é o seu, ambientando a história na antiga Inglaterra dos Vikings. Eu já acho isso por si só uma ideia bem bacana, por que pessoalmente eu adoro a cultura inglesa, mas o mais incrível disso é o principal tema do filme: a heroína quer lutar pelo direito de não casar – e não se casa no final. Você por acaso viu algum desenho com um personagem feminino em que ela não acabe encontrando um carinha para se apaixonar? Desde Shrek até Mulan, sempre acabava em casamento por que parecia que uma personagem mulher não poderia ser feliz sozinha, então uma das empresas de desenho animado mais antigas e respeitadas teve coragem de fazer um filme não apenas sobre uma garota que luta pelo direito de escolher seu destino, mas de uma personagem que busca a independência de seu gênero nas histórias infantis. 


Melhor Ator Coadjuvante – Christoph Waltz (Django) 

       Apesar de eu não ter assistido ainda a Bastardos Inglórios (não me linchem), não é difícil entender porque Tarantino não abriu mão Christoph Waltz desde então. Em Django Livre, sua atuação apesar de modesta é cativante e convincente, dando ao personagem um humor velado sem se transformar num palhaço britânico como facilmente poderia ter acontecido, apresar do personagem ser alemão. Não há muito que dizer, só assistindo para entender, mas se você já assistiu então dê uma olhada no impagável “Djesus Uncrossed”, sátira do filme em que o próprio Christoph interpreta um Jesus que ressuscita para se vingar de seus assassinos romanos ao estilo Kill Bill. O vídeo abaixo não tem legendas, mas vale a pena olhar mesmo que você não entenda por que não tem como não rir: 






Melhor Atriz Coadjuvante – Anne Hathaway (Os Miseráveis) 

       Anne Hathaway podia ter se acomodado em confortáveis papéis de comédia romântica com seu relativo sucesso em Diário de Uma Princesa (2001) como muitas atrizes fazem, mas ela decidiu se aventurar em papéis mais complexos em alguns dramas, mas somente a partir de Diabo Veste Prada (2006) é que ela passou a ter mais  visibilidade e ser reconhecida como uma atriz versátil e competente atingindo seu auge em Batman Rises (2012) e Os Miseráveis. Anne se envolve tanto com a personagem que nos faz sentir sua angústia, mas quando achamos que ela já fez um bom trabalho Anne Hathaway nos impressiona cantando “I Dreamed a Dream” indo de um choramingo a um canto visceral. A música está no vídeo abaixo, mas você só sente tudo isso que eu estou dizendo se você assistir no filme. 




Melhor Canção Original – Operação Skyfall (Adele) 

       Skyfall não era necessariamente a melhor canção dos concorrentes, mas como composição para um filme do famoso James Bond poucos interpretes poderiam ter sido melhores que Adele. Com aquele dom dos cantores de Soul, Adele usou toda dramaticidade e sensualidade que um canção para o espião mais charmoso do cinema precisava. A letra que basicamente fala de enfrentar o fim inevitável de todas as coisas sem temer quando se tem alguém se torna uma canção forte que poderia facilmente ter caído no ridículo se não fosse Adele, que independentemente dessa canção merece um prêmio por seu trabalho. 






Melhor Curta-Metragem – Paperman 


       Essa bacana animação da Disney, apesar de simples e curta, teve uma ideia criativa e cativante. Um homem e uma mulher que se encontram numa estação de trem e se interessam um pelo outro, mas se perdem depois de seguirem seus caminhos restando ao rapaz somente a mancha de batom da moça em um de seus papéis que acidentalmente o vento usou para roubar um beijo dela. Trabalhando no alto de um edifício administrativo, o rapaz percebe que a moça está na janela do outro prédio logo em frente e começa a jogar aviões de papel freneticamente em sua direção para tentar chamar a atenção da moça, mas depois de muito papel só resta um: o com a marca dos lábios dela e sua única lembrança da estranha. O final dessa história você pode assistir no Youtube, mas o mais legal mesmo é como ela é contada: Em preto e branco como se fosse um filme mudo. Isso mesmo e não é nem um pouco chato ou mesmo coisa para quem só assiste filme cult, é legal mesmo. Ao mesmo tempo em que se homenageia o cinema e a New York dos anos 30, também somos cativados pelo romantismo e ingenuidade dos personagens assim como era nos filmes que não vemos mais por aí. 




Melhores Efeitos Sonoros – Os Miseráveis 

      Eu sinceramente acho que todos os prêmios relativos ao áudio e principalmente a trilha deveriam ter sido dados aos Miseráveis que com certeza deu muito trabalho nesse sentido – e ficou excelente. Uma mixagem e interpretes que facilmente poderiam ter se perdido no número de vozes misturados com os efeitos sonoros, mas que graças a um bom trabalho foram muito bem reunidos na maravilhosa trilha composta originalmente por Claude-Michel Schönberg para o musical no qual o filme foi inspirado. Os efeitos sonoros nem foram tão bons assim, mas como a trilha não era original, essa foi a forma que provavelmente a Academia achou de premiar o trabalho da equipe de Os Miseráveis




Melhor Trilha Original – As Aventuras de Pi 

       Apesar de não ter visto o filme, eu escutei a trilha e achei a decisão justa. Ao contrário da maioria das trilhas compostas para o cinema em geral, não é aquela “trilha de fundo” e aparentemente ela cumpre um papel dentro do filme. Do mesmo compositor de Pequena Miss Sunshine (2006), As Aventuras de Pi me surpreendeu parecendo ser o trabalho de um artista amadurecido e que soube usar a trilha para potencializar os efeitos dramáticos das cenas. Django e Os Miseráveis tiveram trilhas muito boas também, mas por não serem especialmente compostas para os filmes ou totalmente originais, acabaram ficando de fora desse prêmio e deram oportunidade para Mychael Danna ser reconhecido pelo seu trabalho.



Melhor Roteiro Original – Django Livre 

         Dizer que Django é uma história original é meio contraditório se formos considerar que esse é um personagem criado por Sergio Corbucci em 1966 no qual Tarantino se inspirou livremente. Além disso, o filme é cheio de referências a outros filmes, tendo gente que considera o número excessivo disso como um certo plágio, mas de qualquer forma a história de Django não deixa de ter sido criativa. Um escravo (Django) que é comprado por um ex-dentista que resolveu virar caçador de recompensas, o Dr. Schultz, para que ele ajude o mercenário a capturar os antigos donos de Django, no entanto o que Django realmente quer é resgatar sua esposa que ainda é escrava e assim os dois se envolvem num ambicioso resgate em que se aprende que para atingir objetivos com boas intenções às vezes temos que sujar as mãos. Enfim, pegue a pipoca e cuide para o sangue da tela não respingar nela. 


Como a lista é grande e não da para falar de todo mundo, confira aqui os outros vencedores do Oscar:

Melhor Ator - Daniel Day-Lewis (Lincon)
Melhor Atriz - Jennifer Lawrence (O Lado bom da Vida)
Melhor Curta Metragem - Curfew
Melhor Curta Metragem (Documentário) - Inocente
Melhor Direção de Arte - Rick Carter, Jim Erickson e Peter T. Frank (Lincon)
Melhor Diretor - Ang Lee (As Aventuras De Pi)
Melhores Efeitos Visuais - As Aventuras De Pi
Melhor Filme Estrangeiro - Amor
Melhor Figurino - Jacqueline Durran (Anna Karenina)
Melhor Fotografia - Claudio Miranda (As Aventuras de Pi)
Melhor Maquiagem - Os Miseráveis


É isso, pessoal. Um grande abraço!


F. Essy

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