segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Argo?




       A entrega do Oscar aconteceu ontem e muita gente ficou surpresa com o vencedor do maior prêmio de Melhor Filme: Argo. Mais curioso ainda é que é o filme dirigido por Ben Affleck, um ator tão criticado por suas atuações. Aparentemente o filme não tem nada de mais, mas esse soco no estomago dos grandes diretores você só vai entender quando olhar o filme ou então dê uma olhada nessa postagem. 


      Adaptado do livro Master of Disguise (recebendo o nome do filme aqui no Brasil), Argo conta a difícil situação de seis diplomatas americanos no Irã encurralados por revolucionários furiosos com os Estados Unidos após o (título semelhante a presidente) do Irã fugir do país através da embaixada dos EUA. Num resgate quase impossível, o agente Mendez (Ben Affleck) tem a inusitada ideia de trazê-los de volta fingindo serem uma equipe de filmagem procurando locações exóticas no Oriente Médio para um filme futurista de ficção científica. O mais incrível disso tudo é que essa história realmente aconteceu e não da para não ficar curioso sobre como terminou. 



       A frase “como ator, Bem Affleck é um ótimo diretor” não vai sair das bocas de muita gente durante um bom tempo. Ben sempre foi alvo de críticas, tendo sua competência de ator frequentemente questionada – para não dizer pior. Realmente eu sou um dos que não gostavam de suas atuações, mas não por que ele não sabia atuar, ele sabe, mas não é um bom ator. É como você ver um músico que sabe tocar, mas não tem aquela presença de palco. Já seu trabalho como diretor foi surpreendentemente bom e é difícil achar algo para criticar em Argo. Ótima fotografia, boas atuações e uma bela adaptação de roteiro, mas talvez o melhor mérito da produção seja justamente a atuação de Ben Affleck: ao contrário da maioria de atores que produzem ou dirigem seus filmes, ele não tentou roubar as cenas tentando convencer o publico de que seu personagem era um herói americano, mas apenas um do grupo que encenam a história.


    Quando Argo foi premiado, eu pensei provavelmente o mesmo que a maioria: “Como assim? Que filme é esse que ganhou de Os Miseráveis?”. Somente depois de assistir ao filme inteiro é que eu entendi e fiquei admirado com a decisão da academia de cinema. Quase todas grandes produções desse ano como O Hobbit e Os Miseráveis, que prometiam ser os favoritos desse ano, pareceram tropeçar na sua própria soberania: Peter Jackson se focou tanto em impactar o espectador com a parte visual do Hobbit que acabou deixando o resto meio vazio enquanto o grandioso Miseráveis se preocupou tanto com a obra que esqueceu da importância de saber apresentá-la ao público. Resultado: A academia viu no humilde trabalho de Ben Affleck uma lição para o grandes diretores, além de um reconhecimento ao esforço da equipe que realizou Argo. 


        Outro aspecto interessante do filme é o de apresentar de uma forma compreensível um pouco da situação de um país que tanto ouvimos falar e entendemos tão pouco, o Irã. Era muito fácil transformar Argo num filme de herói e bandido, tanto favorecendo o lado americano como o outro lado, mas por mais incrível que pareça Ben Affleck conseguiu mostrar que a situação não aconteceu do erro de um, mas das decisões de muitos – e de ambos os lados. Isso tornou o filme mais real e nos faz compreender um pouco melhor tanto ressentimento entre essas culturas. 


       Bem pessoal, eu adorei o filme e espero que vocês tenham gostado do post. Ainda nessa semana eu publicarei alguns comentários sobre os vencedores do Oscar desse ano, até lá só me resta tirar o chapéu para Argo e dizer a icônica frase do filme: “Vá se ferrargo”. 


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