sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Trilhando a Trilogia do Anel - Parte III

         Nesse post, vamos ver um pouco mais de perto o segundo episódio da trilogia do anel, As Duas Torres. A primeira coisa que gera muitas dúvidas é o próprio título da história, afinal quais são as duas torres? Essa é uma questão tão complexa que merece um parágrafo exclusivo:

O  T Í T U L O


           Primeiramente eu havia lido que o título "As Duas Torres" se referia a união dos poderes de Saruman pela torre de Orthanc e Sauron pela de Cirith Ungol, mas achei estranho pelo fato de Cirith Ungol não ter nenhuma importância significativa na mitologia de Tolkien, então pesquisei mais a fundo e descobri que a informação era equivocada. Na verdade não é surpreendente que haja muitas confusões sobre isso, pois o próprio Tolkien escolheu inicialmente esse nome justamente pela sua ambiguidade, podendo assim se referir tanto as torres presentes nos capítulos destinados aos hobbits quando aos capítulos destinados aos homens - Notamos então a grande quantidade de torres importantes na obra. Por fim descobri que Tolkien publicou um nota no final de uma edição de A Sociedade do Anel em que explica que o título se refere a Orthanc e Minas Morgul, uma antiga fortaleza de Gondor tomada por Mordor. Faz mais sentido, mas sinceramente acho que a ideia de ambiguidade continuou presente pois em algumas passagens é falada da união entre Orthanc e a Torre Escura, que não é Minas Morgul, pois seu nome quer dizer "Torre de Bruxaria", e sim a fortaleza de Sauron no centro de Mordor, Barad-Dûr, que em élfico significa literalmente "Torre Escura" - e na minha opinião uma explicação muito mais plausível.

          Enfim, a ambiguidade é um elemento proposital na obra de Tolkien e presente em muitos outros aspectos da mitologia que é o que deixa a obra tão parecida com a realidade, pois nada é totalmente explicável ou justificável por um única razão. Por isso eu decidi falar um pouco sobre cada torre que o título pode se referir:

O R T H A N C


          A morada de Saruman era uma torre construída pelos homens onde os guardiões de Gondor vigiavam o Oeste de seu território e também estudavam as estrelas. Em élfico seu nome quer dizer “Monte Presa” e na de Rohan, “Mente Esperta”.






M I N A S  M O R G U L

         Quando os Numenorianos vieram á Terra-Média eles fundaram o que seria o reino de Gondor com a construção da cidade de Osgiliath. Com o crescimento e desenvolvimento de seu povo, eles fundaram Minas Arnor na encosta das montanhas no Oeste e Minas Ithil na fronteira Leste, no antigo território do inimigo, Mordor, no entanto o poder de Sauron cresceu e tomou Minas Ithil, nomeando-a Minas Morgul, a “Torre da Bruxaria”. Os Homens se concentraram em Minas Arnor e passaram a chamá-la de Minas Tirith, a Torre de Guarda. Osgiliath que ficou entre as duas acabou destruída e abandonada.





C I R I T H  U N G O L

          Cirith Ungol é a torre em que Frodo é aprisionado pelos Orcs depois de ser encontrado nas escadarias da torre como uma refeião abandonada da aranha Laracna. Cirith Ungol quer dizer “A Passagem da Aranha”, se referindo obviamente a proximidade ao covil da criatura aracnídea. Construída pelos homens de Gondor, era uma torre de vigia utilizada pelos homens de Minas Ithil para evitar que exércitos fossem formados em Mordor, no entanto Minhas Ithil sucumbiu as forças de Sauron que retornavam e junto com ela a torre Cirith Ungol.




B A R A D - D Û R


        A principal fortaleza de Sauron foi constuída com o poder do Um Anél durante a Segunda Era e demorou seiscentos anos para ser concluída. Embora seja chamada de Torre Escura ("Lugbúrz" na Língua Negra de Mordor), ela é na verdade uma enorme fortaleza guarnecida por muitas torres e muralhas negras de rocha e aço. Sua imagem nunca foi descrita com muita precisão, pois além de ser grande demais, também é dito que era parcialmente coberta de uma névoa negra, mas via-se de longe o seu topo que emergia como uma alta torre onde o Olho de Sauron observava a tudo.








A  M O R T E  D E  G A N D A L F


        No início do segundo filme, Frodo sonha com a queda de Gandalf com o Balrog nas profundezas da fenda de Khazad-Dun que mostra basicamente como realmente aconteceu, mas há uma grande omissão entre essa cena e a batalha final na torre acima das montanhas onde ele finalmente mata o Balrog. Após caírem num lago gélido, Gandalf consegue afugentar o demônio de fogo após esse ter sua chama apagada pela água. Para conseguir sair das profundezas da montanha, o mago segue o Balrog pela chamada Escada Interminável que vai desde o nível mais baixo ao mais alto do reino de Moria. Atingindo então a Torre de Durin, construída na parte externa da montanha, Gandalf e o Balrog travam sua última batalha onde o mago então perece.


       A luta entre Gandalf e o Balrog é muito mais importante do que se percebe a principio. Quando os Poderes de Arda, os Valar, desceram para o mundo, vieram com eles espíritos menores – mas alguns quase tão poderosos quanto os Valar. Alguns decidiram apoiar Melkor na dominação da Terra-Média assumindo formas corpóreas terríveis e mortais, os Balrogs. Dos outros que continuaram com os Valar, cinco permaneceram na Terra-Média sendo chamados de Istari, os magos. Quando Gandalf cai em Moria, ele morre como um guerreiro que morreu defendendo a causa dos Valar e acima de tudo, de Eru. Tendo em vista que dos cinco Istari em Arda, dois estão em Valinor, Saruman está corrompido e Gandalf morto, só resta Radagast que pouco ou nada pode fazer sozinho para povos com que nunca se relacionou, pois sua “jurisdição” abrange somente a natureza e os animais, sendo assim Eru decide mandar Gandalf de volta à Terra-Média para auxiliar os homens e os elfos contra a tirania de Sauron, agora promovido por sua lealdade como O Branco.

O S  E N T S  E  A  F L O R E  S T A  D E  F A N G O R N

          Quando Melkor tomou a Terra-Média e os Valar se refugiaram em Aman, toda sua obra ficou vulnerável a destruição do Valar Maligno, o que entristeceu muito a Valar Yavanna, que muita amava as árvores e flores que não podiam fugir ou se defender como os animais ou os elfos. Então ela decidiu criar os Ents, criaturas semelhantes às arvores em aparência – eles não são árvores vivas – que as coordenam e as protegem, conhecidos também com Pastores das Árvores. Nos livros, essa não é a primeira vez que Merry e Pippin se deparam com criaturas arvorescas que se movem. Quando os hobbits ainda estão saindo sozinhos do Condado para Bri, eles passam pela Floresta velha, onde “dizem que tem àrvores vivas” e isso é exatamente o que eles encontram. Em Fangorn, Barbarvore explica que do mesmo jeito que alguns Ents “adormecem” e viram árvores funcionais, algumas árvores “acordam”, no entanto sem a capacidade de discernimento dos Ents, podendo se tornar puramente guiadas pelo extinto, consequentemente más, como acontece na Floresta Velha com o Salgueiro-Homem que tenta matar os Hobbits. Ambas florestas são antiguíssimas e não é por acaso que nutrem essa e outras semelhanças: antigamente as duas eram uma floresta só, mas com o passar do tempo e o avanço das civilizações elas acabaram se desmembrando em duas e distanciando-se.


O S  U R U K  –  H A I

        Isso é bem explicado no filme, mas não custa lembrar a origem dos Orcs e dos Uruk-Hai. Quando Melkor tomou a Terra-Média, havia somente os elfos – os homens ainda não haviam despertado -, então ele capturou alguns desse povo e através de manipulações genéticas ele criou sua raça, os Orcs. Sua aparência deformada foi feita para assustar os inimigos e sua pele enegrecida como uma camuflagem – pois não havia nenhuma luz além das estrelas na Terra-Média, no entanto suas vantagens logo se tornaram sua fraqueza: Nunca tendo sido expostos à luz, os Orcs se refugiaram de imediato nas profundezas das montanhas ou sob a sombra de Mordor, pois tornaram-se frágeis.

        Á medida que os povos se desenvolveram, deixaram de temer os Orcs pela aparência, mas sim desprezá-los, o que fez com que a raça de Melkor jamais conseguisse se aliar as outras raças sem que houvesse um puro interesse e com os Uruk- Hai foi basicamente o mesmo, a não ser que foram uma raça criada sob a luz do sol e por isso não a temiam. Outra coisa é que em alguns momentos – em Moria, por exemplo – os Orcs são chamados de goblings, que na verdade significa a mesma coisa. Tolkien se inspirou nas criaturas goblins das histórias de George McDonald para criar os Orcs, que havia publicado The “Princess and the Goblin” algumas décadas antes do nascimento de Tolkien. O nome Orc vem de um termo inglês antigo para “ogro” ou “demônio infernal”.


O  R E I N  O  D E  R O H A N

Edoras.
Felaróf na bandeira de Rohan.
           O povo dos Senhor dos Cavalos tem sua origem na vinda de Eorl, o Jovem. Após virem em socorro dos homens no extremo norte de seu reino, soldados de Gondor haviam sido encurralados entre bárbaros e orcs contra as montanhas sem chance de escapatória quando Eorl desce de suas terras com um enorme exército montado de homens altos e cabelos loiros – daí a aparência dos rohirrin. Graças ao auxílio de Eorl os homens de Gondor têm a vitória e como recompensa, Gondor cede o território devastado pelos invasores, onde Eorl e todo seu povo se instalam chamando-na de Terra dos Cavaleiros e seus guerreiros de eorlingas – sendo chamados pelo homens de Gondor respectivamente como Rohan e rohirrin. Esse socorro em batalha se repete no Retorno do Rei na batalha de Minhas Tirith. Eorl constrói sua casa numa alta colina perto das montanhas, Edoras, onde mais tarde seu filho Brego constrói Meduseld, o Palácio Dourado. Quando Aragorn e seus companheiros visitam o palácio, vê-se em suas paredes tapeçarias que ilustram a vinda de Eorl para as terras de Rohan em seu cavalo Felárof, o descendente de Scadufax.


Meduseld, o Palácio Dourado.
         Quando Gandalf sai de Fangorn com Aragorn, Gimli e Legolas, ele encontra Scadufax que é chamado de Mearas por Legolas. Mearas é como são chamados os cavalos descendentes da montaria de Eorl, Felaróf. O pai de Eorl morreu tentando montar Felaróf que se recusou e fugiu. Eorl então o caçou e exigiu compensação por sua perda, ao que o cavalo aceitou, pois entendia a língua dos homens, deixando-lhe montar e a mais ninguém que não fosse da casa dos reis – a não ser Gandalf. Vivia tanto quanto um homem e alcançava grande velocidade. Dizia que isso era por que descendia do cavalo do Valar Oromë, Nahar.

Gandalf e Scadufax.

G L O  S S Á R I O


Aman – “As Terras Imortais”, morada dos deuses.
Arnor – Reino dos antigos reis dos homens no norte.
Barad-dûr - "A Torre Escura", principal fortaleza de Sauron em Mordor.
Cirith Ungol – A torre em Mordor onde Sam resgata Frodo.
Eorl – O fundador de Rohan.
Felaróf – Cavalo de raça nobre utilizado por Eorl.
Istari – Magos.
Mearas – Linhagem de cavalos nobres descendentes da montaria de um Valar.
Melkor – O Valar mestre de Sauron que tentou tomar a Terra-Média.
Minas Arnor – Antigo nome de Minas Tirith.
Minas Morgul – Antiga Minas Ithil, forte de vigia de Gondor em Mordor.
Orthanc – A torre onde mora Saruman.
Radagast – O mago castanho.
Valinor – Cidade principal do reino dos deuses, Aman.

A análise de As Duas Torres continua aqui. Um abraço pessoal!

F. Essy

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