Buenas, pessoal! Nessa segunda postagem sobre a primeira
trilogia, eu apresento um pouco da história que Tolkien criou para fundamentar
o Senhor dos Anéis, o Silmarillion, para explicar alguns detalhes do filme. Devido
ao grande número de nomes eu coloquei um pequeno glossário no final do post que
você pode usar caso esqueça ou não entenda alguma referência. Vamos lá então:
M O R I A
Após partirem de Valfenda, a comitiva tem sua passagem por
Carathras bloqueada. Decidem então tomar o caminho pelo reino dos Anões. Ao
chegarem à muralha de Moria, se deparam com um portão que exibe um desenho à
luz da lua. Esse desenho é uma porta guarnecida por duas árvores dos dois lados
e com a figura central de uma bigorna sob sete estrelas, sendo que uma adorna
uma coroa. As estrelas comuns no portão simbolizam obviamente os seis senhores
anões e seu rei que receberam os anéis de Sauron. Outra estrela está gravada no
portão, mas essa possui muitas pontas, pois representa uma famosa joia
construída para guardar a luz do que seria o Sol e da Lua, a Silmaril. As árvores também remetem a mesma história contada
no livro Silmarillion:
Quando
a Terra-Média havia finalmente sido construída pelos Valar – seres de enorme
poder semelhantes a Deuses -, eles criaram duas torres com lamparinas para
iluminá-la. Acontece que todos esse trabalho os deixara exaustos e o Valar
maligno Melkor aproveitou essa oportunidade para atacá-los e destruir as
lamparinas, cobrindo a Terra-Média por uma escuridão na qual somente ele
conseguia enxergar. Os Valar então foram embora da Terra-Média para uma ilha
distante chamada Aman. Yavanna, a Valar das flores e plantas, então ergueu duas
árvores no topo de uma colina de Aman, longe do alcance de Melkor. Uma era
escura de folhas prateadas, Telperion, enquanto a outra era de um verde vivo de
folhas douradas, Laurelin. Ambas irradiavam luz durante algumas horas, mas
enquanto uma começava a brilhar, a outra escurecia. Esse fenômeno era a aurora
e o inverso o crepúsculo. Essas duas árvores são representadas no desenho do
portão, pois aquele era o portão de acesso utilizado pelos Elfos de Azevim que
faziam fronteira com Moria e amavam os Valar – o que também explica por que a
senha do portão é em élfico e não em anão.
B A L R O G
Eru, o Deus único, criou os Ainur, espíritos com saberes e
poderes numa especialidade diferente, semelhantes a semi-deuses. Ele então
pediu que eles fizessem uma música baseada num tema. Os Ainur começaram a
improvisar uma grande canção todo juntos sem verem a totalidade do que estava
fazendo. Eru então mostrou a eles tudo o que haviam feito, mas não era uma
canção, era o nosso mundo. Foi como se as notas tivessem se transformado em
fios e se enrolado como num novelo, fundindo-se e formando o nosso mundo. Os
Ainur se maravilharam com a sua criação e alguns pediram para “descer” para
Arda e ver tudo mais de perto. Eru permitiu, dando-lhes formas corpóreas (embora
não fossem presos a elas). Esses Ainur passaram a serem chamados de Valar, os
Poderes de Arda. Quando eles vieram para o nosso mundo, perceberam no entanto que
nada daquilo que viram como sua obra estava pronto, sua canção não havia sido
“gravada”. Então eles iniciaram a construção do mundo que haviam cantado, mas
Melkor, o mais poderoso dos Valar, desejou fazer uma canção baseada num tema diferente,
decidindo lutar contra todos os outros Valar para dominar a Terra-Média e
recriá-la como seu mundo. Nem todos os espíritos que vieram para Arda eram tão
poderosos como os Valar. Alguns seduzidos pelas promessas de Melkor tomaram seu
lado na batalha contra os Valar e transformaram-se nos terríveis valaraukar, os
“flagelos de fogo”, que em Arda ficaram conhecidos como Balrogs. Os que tomaram
o partido dos Valar, chamaram-se Istari, mais conhecidos como magos. Por isso a
batalha na ponte de Kazadum é tão épica: Dois dos mais poderosos guerreiros de
seus senhores lutando pela força na qual acreditam. Uma fala de Gandalf com o
Balrog na ponte de Khazad-Dun também revela algo interessante:
“-Sou um servidor do Fogo Secreto, que controla a Chama de Arnor. Você não pode passar, o fogo negro não vai lhe ajudar em nada, Chama de Udún. Volte para a sombra. Não pode passar!”
No livro Silmarillion, é
explicado que quando um ser adquire sabedoria e capacidade sobre sua
existência, ele descobre o “Fogo Secreto”, semelhante a uma paz interior vinda
da fé, e somente ela permite o ato de criar algo. Quando a canção do mundo
estava sendo criada, Melkor, o Valar ambicioso, estava inquieto pensando em
criar seu próprio mundo e para isso precisava do Fogo Secreto, mas não
conseguiu por que não estava em paz com sua condição limitada, por isso seu ódio
foi inserido na canção, no nosso mundo. Esse ódio é chamado de a "Chama de Udún".
Outro fato é como os Anões de
Moria “encontraram” o Balrog. No filme é dito que eles cavaram muito fundo à
procura da prata nobre de Moria, o Mithril, e acabaram despertando essa
criatura de fogo, mas a pergunta que fica é como ela foi parar lá, a resposta
vem de um tempo muito anterior a Moria: Numa antiga parte da Terra-Média já
engolida pela água na época da Guerra do Anel, havia um reino élfico secreto
chamado Gondolin. Melkor tinha ódio dos elfos e quando descobriu a localização
da cidade, lançou sobre ela um forte ataque com todos os seus servos. Acontece
que os Valar interferiram aprisionando Melkor e perseguindo seus soldados,
porém alguns Balrogs se esconderam no fundo da terra e nunca mais foram
encontrados – até que os anões exploraram demais as entranhas da montanha.
O E S P E L H O D E G A L A D R I E L
Quando Frodo e Sam estão em Lórien, Galadriel lhes convida para
olhar o seu espelho, uma bacia de prata sobre uma base de pedra que Galadriel
enche de água para refletir, mas não qualquer água, pois ela contém a luz das
Silmarils, o centro da obra que explica toda a origem da mitologia tolkienia e
indispensável para seu total entendimento:
Feanor era o elfo mais habilidoso do reino dos Valar.
Encantado com a beleza das Árvores de Valinor, feitas para iluminar a escuridão
de Arda, decidiu criar três pedras que pudessem preservar a luz das Árvores, as
Silmarils. Melkor havia tomado a Terra-Média, perseguindo os filhos de Eru, os
elfos. Os Valar então atacam as fortalezas de Melkor e o levam prisioneiro para
Aman, no entanto o Valar maligno foge e encontra um dos espíritos menores – mas
muito poderoso – que havia vindo para Arda junto dos Valar, a aranha Ungoliant,
e com seu auxílio ele destrói as Árvores e rouba as Silmarils de Feanor,
fugindo novamente para a Terra - Média oculto pela escuridão. Durante sua
estada em Aman, Melkor também semeou a discordia entre os elfos em relação aos
Valar, então após o roubo de suas Silmarils, Feanor fica tomado de ira e convence
os elfos a partirem para a Terra-Média serem livres dos Valar e resgatarem as
Silmarils. Após muitas batalhas as joias foram resgatadas das mãos de Melkor, porém
todas se perderam: Uma foi lançada ao céu pelos Valar. As duas últimas foram adquiridas
através de traição e assassinatos por seus portadores que acabaram jogando uma
num abismo e outra nas profundezas do mar.
Talvez o destino desta última Silmaril explique o porquê do
poder da água do riacho de Galadriel. Também não esqueçamos que Galadriel foi
um dos elfos a vir da terra de Aman, o reino dos Valar, onde adquiriu enorme
conhecimento. Supomos então que a água lhe oferece um meio de contato com os Valar
que quando cantaram pela primeira vez o Mundo, viram de relance toda sua
história, por que eles a fizeram, logo aquilo que se enxerga na água pode muito
bem ser uma lembrança ou dedução dos Valar sobre os acontecimentos que
vislumbraram em sua primeira visão de Arda, no entanto cada Valar só viu a sua
parte da canção e ela foi feita por muitos, sendo assim nem mesmo todos juntos
conseguiriam reconstituir tudo que foi visto – ou pré-visto -, por isso o
espelho de Galadriel é tão enigmático e confuso. Ele não diz algo certo, mas
algo que pode acontecer. Assim como os próprios elfos, diz ao mesmo tempo Sim e
Não. Não se pode confiar no espelho de Galadriel, mas não se deve também
ignorá-lo.
O S P R E S E N T E S D E G A L A D R I E L
O poder das Silmarils também está presente em outro
acontecimento antes da partida de Lórien. Na despedida da comitiva, Galadriel presenteia
cada um deles:
Aragorn – que nos livros já tem a espada de Isildur restaurada
no Conselho de Elrond – ganha uma bainha para Narsil e também o broche de Arwen,
a Estrela Vespertina. Para Boromir um cinto e ouro, para Merry e Pippin um de
prata. Para Legolas um arco dos elfos de Lórien, maior e mais robusto que o seu
trazido da Floresta das Trevas. Para Sam uma caixa com um pouco da terra de
Lórien – que depois sabemos ter sido responsável pela melhor colheita de todos os
tempos no Condado nos apêndices do livro. Gimli recusou-se a ganhar qualquer
coisa. Galadriel insiste e ele então pede um fio de seu cabelo. Galadriel
admirada, lhe da três e abençoa o anão. Então novamente entram as Silmaris:
Frodo recebe um frasco com a água que contém a luz das
Silmarils, que emite a luz mais poderosa sobre a terra e que acovarda qualquer
um que retire sua força das trevas. Esse presente é mais tarde utilizado por
Frodo na penumbra da toca da aranha Laracna.
O T R O N O D E A M O N H E N
No filme, Frodo encontra Aragorn perto de uma elevada
edificação de pedra após fugir de Boromir que tentou lhe tirar o anél. Aquele é
o Amon Hen, O Trono da Visão ou o Olho dos Homens de Númenor. Um trono de pedra
erguido no tempo do grande reinado dos Homens na Terra-Média, onde antigamente
era montada uma guarda. No livro, Frodo foge de Boromir e pára sobre o trono de
Amon Hen, sozinho e ainda com o anél. Devido ao poder do anel e a visão
privilegiada do lugar, Frodo tem um vislumbre da Guerra do Anél – ou possíveis
acontecimentos desencadeados por ela: Conflito entre homens, elfos e animais
cruéis. Fumaça nas fronteiras de Lórien. Rohan em chamas, lobos jorrando de
Isengard, os exercítos de Sauron marchando contra os de Minas Tirith e
finalmente Mordor, mas antes que Sauron pudesse encontra-lo Frodo retira o anel
e desencadeia-se o rompimento da sociedade do anel e outros fatos que somente
serão vistos nas Duas Torres.
Essa é a ultima postagem do ano, mas o ciclo de posts sobre as obras de Tolkien continua ano que vem. Obrigado pela companhia de todos vocês ao longo desse ano, adorei compartilhar tudo isso com vocês. Tudo de bom, juízo e aquele abraço! ;)
F. Essy
GLOSSÁRIO
Valar – Semi-deuses que tomaram forma corpórea e vivem na
Terra.
Ainur – Semi-deuses que vivem no plano celestial.
Aman – O Reino dos semi-deuses na Terra.
Arda – A Terra.
Feanor – Elfo artesão muito habilidoso.
Isildur – Principe de Gondor que decepa o dedo de Sauron com
o anel.
Istari – Espíritos de poder menores que os Valar.
Melkor – O semi-deus mais poderoso que se rebelou contra os
outros para dominar a Terra.
Narsil – Nome dado à espada reforjada que foi utilizada para
arrancar o anel das mãos de Sauron.
Númenor – O antigo reino dos Homens numa ilha entre a
Terra-Média e o reino dos Valar que foi destruída por ofenderem os deuses.
Silmarils – joias construídas por Feanor para armazenar a
luz das Árvores que gerariam o Sol e a Lua.
Ungoliant – Espírito maligno de poder menor que os Valar sob
a forma de uma aranha gigante.
Continua em Trilhando a Trilogia do Anel - Parte III
Leia também:
A Trilogia do Anel - Parte I
Hobbit - A Produção
Hobbit - A Novela
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