Cinema e
Música são duas coisas que “ilustram” o dia de quem curte essas artes e a
parceria entre as duas vem rendendo bons frutos desde o cinema mudo que preenchia
o silêncio dos diálogos escritos com um bom pianista na sala de cinema. Eu
adoro procurar coisas novas para escutar e trilhas de filmes são uma delas. Vou
falar da trilha que definiu muito do meu gosto pela música e
mais duas que eu descobri recentemente e me apaixonei:
O Rei Leão (1994) – Hans Zimmer
/Elton John /Lebo M.
Um desenho?
Sim, mas não se engane. Não é a toa que a trilha ganhou dois Oscars, dois Globos
de Ouro e dois BAFTAs: Hans Zimmer é um dos fodões de produção musical para o
cinema, tendo sido O Rei Leão seu primeiro grande trabalho. Batman Dark Knight, Gladiador (ambos premiados) e Piratas
do Caribe são alguns dos mais recentes. Em parceria com o músico africano
Lebo M eles compuseram uma ótima trilha instrumental misturando música erudita
com elementos da música africana resultando em 10 milhões de
discos vendidos. Do outro lado temos um dos influenciados pelo estilo pop de
Paul McCartney: Elton John sempre foi um excelente compositor, além de ótimo interprete
e teve o papel indispensável de tornar a trilha mais acessível ao grande
público.
X-Men - Primeira Classe (2011)-
Henry Jackman
Nesse vou me
alongar um pouco: Um dia de bobeira resolvi procurar alguns temas de trilhas no
youtube e encontrei a faixa título de X-Men Primeira Classe. Era empolgante
como todo tema de filme deve ser, embora nem sempre consigam. Resolvi escutar outra faixa pensando que não
seria tão boa já que geralmente o resto do disco é um monte de variações da
música tema. Ledo engano: era totalmente diferente e tão boa quanto o tema
principal. Resultado: Descobri um baita disco e escutei o dia todo por dias a
fio. Henry Jackman vem se consagrando como compositor de trilhas, muitas delas
com seu parceiro e mentor Hans Zimmer, com quem divide os créditos pelas
trilhas de Batman Dark Knight, Kung Fu
Panda , Código da Vinci e Piratas do
Caribe, embora nem sempre seja creditado oficialmente por isso. Uma breve
análise das faixas:
Há
muito tempo eu não escutava uma trilha tão rica, pois não é apenas um fundo
musical para ambientar ou salientar o enredo, mas uma parte integrante e ativa
no filme. A primeira grande sacada de Henry foi introduzir instrumentos de rock
na estrutura erudita. Os arranjos de guitarra por vezes lembram os seriados dos
anos 60/70 (auxiliando na imersão temporal do filme que se passa próximo dessa
época), além de sutilmente dar o tom de “Bad Boy” ao Magneto com distorções
utilizadas sem exagero. Outro aspecto muito interessante são as referências
temáticas em fragmentos das faixas.
Várias riffs
(partes marcantes de uma canção) lembram os temas consagrados de abertura
dos desenhos animados dos anos 90 dos X-Men. Uma faixa dedicada ao personagem
que se transforma no Fera faz referências explícitas a temas de filmes de
monstros da primeira metade do século XX. A música tema de Magneto utiliza do
grave potente dos metais (instrumentos de sopro) e o agudo marcante de violinos
que várias vezes dobram de número para alcançar o efeito dramático de temas de
outros anti-heróis como O Fantasma da
Ópera, de Andrew Lloyd Webber. Por fim, um dos melhores elementos dentro da
trilha é a utilização de efeitos sonoros que lembram os personagens e situações
do filme (onomatopeias e metáforas musicais!), como o efeito de guitarra e
sintetizador nas ultimas duas faixas que imitam a nota grave em vibrato utilizada
nos filmes anteriores para “sonorizar” Magneto usando seu poder de magnetismo.
Enfim, vale a pena escutar esse disco!
Vicky Cristina Barcelona (2008) –
Vários
Esse disco é
surpreendentemente bom. Digo surpreendente por que eu não esperava gostar tanto de
um disco quase que totalmente instrumental e garanto que não há pé que não
acompanhe o ritmo dos violões dessa trilha. Eu sinceramente não conheço grande
coisa da obra do Woody Allen (que escreveu o roteiro e selecionou a trilha), mas
se for tão boa quanto dizem, a trilha desse filme não ficou muito atrás. Leia
as palavras do próprio:
“Eu sabia que eu queria música espanhola para
‘Vicky Cristina Barcelona’, mas eu não conhecia nada de música espanhola. Eu fucei
e catei algumas coisas aleatórias aqui e ali, e através da seleção de alguns músicos
e compositores conhecidos com algumas canções de artistas desconhecidos na
mesma proporção, me deparei com uma das melhores trilhas de todos os meus
filmes. É uma mistura eclética, para falar a verdade, mas principalmente
espanhola e que reflete o espírito da Espanha – ou pelo menos a Barcelona que eu
descrevi.”
Espero que tenham ficado com vontade de escutar esses discos, por que realmente vale a pena. Aquele abraço!
F. Essy
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