terça-feira, 6 de setembro de 2011

Minha Vida Crônica II

Não era a toa que a parada de ônibus tinha esse nome, poucos lugares são tão monótonos. A Rita não tinha chegado ainda. Conheço ela há bastante tempo, desde o colégio. Ela mora aqui perto de casa, então sempre íamos para escola juntos ou nos encontrávamos por acaso saindo de casa na mesma hora. Hoje cada um estuda numa faculdade diferente, mas continuamos a nos encontrar na parada de ônibus. Vejo ela vindo. Acho a Rita bonita, já havia dado uns flertes disfarçados de brincadeiras, mas ela nunca deu qualquer sinal para eu avançar, achei melhor não insistir.
- E ai. Disse ela com um sorriso acostumado.

- E ai. Respondi sem muito a dizer.

- Que horas são? Perguntou ela sabendo que poderia olhar no próprio celular.

- São... seis e trinta e dois.

Ela virou para a estrada procurando o ônibus que não estava lá.

- E esse pé aí, já congelou? Brincou ela, procurando o que conversar.

- Ainda não. Sorri. – Mas daqui a pouco eu vou embora e ele fica aqui onde está.

Ela gargalhou desviando o olhar. O ônibus ainda não estava vindo.

- E tu? Perguntei. - Não encarangou ainda?

- Bah! Exagerou ela. – Quase não saí de casa.

Lá vinha o ônibus. Lento e longe. Sabíamos que continuar a conversa não teria muito futuro, então ficamos esperando em silêncio. Já teve um tempo que tínhamos mais tempo para conversar, para contar o que realmente estava nos acontecendo, mas agora só havia conversas rasas como tenho com tantas outras pessoas que me importam menos. Onde ficaram meus Melhores Amigos?

- Tchau, Rafa! Disse ela suspendendo a mochila nas costas.
- Tchau, Rita! Falei vendo a porta do ônibus se fechar atrás dela.
Ele se foi e eu fiquei ali, vendo aquela grande coisa de metal rastejar para além da minha vista. Antes meus amigos faziam parte da minha vida, agora cada um vem, fica e vai para sua própria. E lá vem a minha, lenta e longe.

Buenas, compadres! Essa é a segunda crônica da série Minha Vida Crônica. Espero que tenham gostado da primeira, caso não tenham lido ainda, está logo abaixo. Essas duas primeiras crônicas são na verdade apresentações dos personagens que vão estar mais presentes nas próximas crônicas, tendo histórias mais interessantes a medida que avançarem. O nome da Rita foi escolhido pelo mesmo motivo que o do Rafael: todo mundo já conheceu uma, mas não muitas, por isso se encaixaria bem numa personagem que não se conhece muito ainda. Abraço.

F. Essy

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