terça-feira, 22 de julho de 2014

20 Anos de Reinado Felino

    Buenas, pessoal! Todos nós temos filmes que nos marcaram em algum momento das nossas vidas. Nem sempre são clássicos do cinema, mas algo neles nos cativa e transforma nosso modo de ver as coisas. Alguns anos atrás O Senhor dos Anéis e Harry Potter foram exemplos de filmes marcantes para toda uma geração. O primeiro foi muito importante para mim,  mas muito antes dele houve um desenho que me aproximou de coisas essenciais para que eu pudesse ver e escutar o mundo como eu faço hoje. O Rei Leão está comemorando 20 anos de lançamento e para comemorar eu resolvi escrever um pouco sobre esse clássico Disney.

    Se você me permite, antes de falar do filme, eu gostaria de dizer por que ele significa tanto para mim, afinal é - aparentemente - só um desenho infantil, mas há nele coisas, às vezes pequenos elementos, que despertaram meu interesse e guiaram muitas das minhas escolhas mais importantes, direta e indiretamente. Apesar de eu ter apenas três anos na época, eu tinha a fita VHS do desneho em casa e olhava repetidamente por que eu sentia que aquele filme me envolvia completamente de alguma forma. As cores, a música, os personagens. Eu não entendia bem o porquê, mas simplesmente notar isso abriu a minha percepção para o que é o cinema, pois passei a procurar aquilo que me atraia em outros lugares. Por exemplo, o fato do filme ser baseado em uma história de Shakespeare me despertou o interesse por livros que talvez eu não tivesse procurado tão cedo por conta própria, mas sem dúvida o aspecto mais marcante foi a trilha que eu rodei várias vezes no rádio: Por um lado escutar repetidamente os acordes de Elton John nas canções cantadas dos personagens me fez entender a sensibilidade da música pop, enquanto a atmosfera instrumental de Hans Zimmer me introduziu à músicas mais complexas. Aliás a estética das cores complementadas pela trilha é um destaque na animação.


   Em momentos cômicos e divertidos, o ambiente é colorido por tons vivos inspirados nas vestimentas africanas, embalados pelas canções de Elton John, com arranjos de guitarras alegres típicos da música popular africana, enquanto em momentos mais sombrios as cores escuras realçam a atmosfera instrumental de Hans Zimmer, conhecido pela sua grande sensibilidade em representar ideais soturnas e realistas, como em Batman: The Dark Knight (2008) e Man of Steel (2013). A trilha de Zimmer para O Rei Leão foi a primeira trilha pela qual eu me apaixonei e tenho a fita K7 até hoje, também não é por menos: A mescla de música erudita com elementos africanos resultou em algo impressionante, pois é um dos melhores trabalhos de Zimmer fora de seus experimentos com sintetizadores. Ele se inspirou em duas experiências anteriores com a música africana dos filmes A World Apart (1988) e The Power of One (1992), e chamou seu antigo parceiro Lebo M para compor os arranjos corais, resultando num disco tão aclamado quanto o próprio filme. Em comemoração aos vinte anos do filme, um disco duplo intitulado Legacy Collection: The Lion King foi lançado com faixas inéditas da trilha composta por Zimmer e devo dizer que é incrível.

Hans Zimmer (acima); Elton John e Tim Rice (abaixo)
    A qualidade da trilha também se deve a grande contribuição de dois músicos britânicos ilustres, Tim Rice e Elton John, que juntos compuseram as canções entoadas pelos personagens do desenho, muitas delas tornando-se sucessos nas rádios como "Can You Feel the Love Tonigh?" e "Hakuna Matata". A popularização da música "The Lion Sleeps Tonight" também se deve ao filme. Com um time desse a trilha ganhou o Oscar de Melhor Trilha Original, Melhor Canção por "Can You Feel the Love Tonigh?", além de ter outras duas canções indicadas para a mesma categoria. Não bastasse isso, também conquistou dois globos de ouro pelas mesmas indicações. Até hoje é a única trilha para um desenho animado a ter conquistado o Diamon Certification, prêmio concedido a discos que arrecadaram acima de 10 milhões de dólares, ao lado de nomes como Adele (21), Nirvana (Nevermind) e Madona (Like a Virgin) e logo atrás dos Beatles (Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band)!

   Falando de números, O Rei Leão teve um reinado nas bilheterias muito além de sua época: Somando um total de US$ 987,483,777, a animação não apenas teve a maior bilheteria de 1994 no mundo todo, mas manteve o recorde de maior arrecadação nos cinemas para um desenho até 2003, superado por Procurando Nemo. Depois foi ultrapassado por outras animações computadorizadas, mas em 2011 com sua exibição em 3D, O Rei Leão passou a ocupar a terceira colocação. Ainda assim, quem é rei nunca perde a majestade: O Rei Leão continua a ser a animação desenhada à mão mais bem sucedida nas bilheterias Disney até hoje e está em 19º lugar entre longa-metragens, acima de títulos como Harry Potter e a Pedra Filosofal, O Hobbit - A Desolação de Smaug e Star Wars III - A Vingança do Sith. No mínimo respeitável, isso sem contar a adaptação para os palcos: Baseado no filme, o musical de mesmo nome foi um sucesso instantâneo desde sua estreia na Broadway e continua em cartaz mesmo depois de 6.700 apresentações, sendo o quarto musical mais encenado na Broadway, mas não pense que a qualidade da produção é medida somente por números: por nomes também:

Musical na Broadway
  Poucos desenhos conseguiram reunir tantos nomes famosos em seus dubladores: James Earl Jones, responsável por dar voz ao personagem Darth Vader, emprestou seu porte vocal ao rei Mufasa. Para viver o arteiro protagonista Simba, ninguém mais apropriado que o eterno mata-aula de Vivendo a Vida Adoidado, Matthew Broderick. O calau azul Zazu era dublado por ninguém menos que Rowan Atkinson,  o Mr. Bean. Whoopie Goldberg interpretava uma das hienas, enquanto o vilão Scar era dublado por Jeremy Irons, o Brom de Eragon. Enfim, a lista de motivos para lembrar desse filme não termina por aqui, mas o post tem que acabar em algum lugar. Então espero que tenham gostado desse post, por que eu adorei escrevê-lo. Aquele abraço!

Felipe Essy

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