Nesse fim de semana, estava comprando uma série de livros sobre imigração alemã e, sendo volumes grandes de dados preciosos, tinham seu preço na mesma proporção. Tentando negociar um desconto, acabamos adentrando numa discussão sobre o valor de um livro, algo que obviamente é muito difícil - se não impossível - determinar, já que estaremos julgando o valor da informação nele contido. Por isso resolvi compartilhar minhas ideias com vocês.
Assim como qualquer coisa, o valor de um livro depende de o quanto aquilo importa para você. O livro sobre imigração em questão não é nada mais do que "mais um livro de história" para os leigos, enquanto para quem conhece a memorável trilogia escrita por Carlos H. Hunsche sabe o quanto essa obra é fundamental em qualquer prateleira dedicada ao assunto, o que não torna seu valor sujeito ao gosto de cada um pelo mesmo motivo que você não precisa gostar de Erico Verissimo para saber que seu trabalho é importante, pois há um consenso de diversas partes sobre isso - e você sabe, então o valor de um livro se da antes de tudo pelo conhecimento que você tem sobre ele, não pelo quanto ele é importante para você em especial. Partindo da ideia de que estamos falando de livros bem recebidos por publico e crítica, temos dois fatores importantíssimos: demanda e oferta.
Um livro recentemente lançado que acaba de ser adaptado para o cinema, por exemplo, automaticamente se torna mais relevante no mercado do que era antes de ser mais um bom livro dentre outros, no entanto seu valor provavelmente não excederá em muito o preço padrão pela quantidade de livros produzidos ter sido aumentada para alimentar a procura pelo título. Quando há pouca demanda para um produto em grande quantidade de oferta, seu preço cai para estimular o consumo e evitar prejuízo nas vendas. Se houver poucos exemplares de um título ou edição em especial, o inverso acontece, além da questão de taxas sobre produtos importados, normalmente procurados pelo conteúdo ou forma diferenciados, que destacam então o fator mais relevante na maioria das vezes: o quanto nós o queremos.
Quando vou comprar um livro, avalio várias coisas. Antes de tudo, a importancia dele para os meus interesses. Depois o material e forma de confecção em relação ao preço. Se tiver capa dura e folhas mais resistentes, um preço mais baixo que o comum me atrairia naturalmente, já um título igualmente bem produzido com um preço mais elevado me faria pensar mais uma vez antes de comprá-lo. Reavalio a relevância dele para mim no momento, levando em consideração meu orçamento disponível e o número de exemplares disponíveis daquela edição. Foi o caso da edição em capa dura de Hamlet - Prince of Denmark com as lindas ilustrações de John Austen que eu "namorava" há mais de um ano na Livraria Cultura e decidi comprá-lo vendo que era o último exemplar restante.
No fim das contas, o que define o valor de um livro é o quanto ele importa para você. Eu vejo livros como um investimento no conhecimento e uma paixão toda especial por tudo que a leitura envolve, por isso eu tomo cuidado para comprar edições com um material durável com aqueles títulos mais importantes e outras mais baratas quando estou descobrindo o autor, podendo ter um investimento maior no futuro quando revelar-se uma aquisição merecida, como é o caso de Ender's Game que conheci através de uma edição "papel jornal" do primeiro volume e já pretendo investir num box da serie no futuro. Como dizia meu pai, "o conhecimento é a única coisa que jamais se perde, e nunca é demais".
Felipe Essy
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