terça-feira, 3 de dezembro de 2013

A Terceira Badalada

        Buenas, pessoal! Completamos mais uma Feira do Livro em Santo Antônio e novamente eu empunhei o sino como Xerife para saudar e despedir a cada dia.Muita gente ainda me pergunta o que eu faço lá afinal, vestido daquele jeito. Inicialmente era para simplesmente abrir e fechar simbolicamente a Feira, mas conforme as edições vão se seguindo eu descobri algo muito melhor que isso e vou dividir com vocês.


      O convite para participar da Feira veio da minha grande colega e professora Larieti que lembrou da minha fantasia de Chapeleiro Maluco e sabe que cara de pau não me falta. Aceitando o pedido, descobri que ninguém sabia muito bem de onde essa história de Xerife tinha vindo, então acabei descobrindo algo muito interessante: o presidente da Câmara do Livro em 1976, Maurício Rosemblat, viajava pela Europa quando viu um rapaz anunciando as manchetes de um jornal badalando uma sineta pelas ruas.Então ele trouxe essa ideia para a Feira, avisando os livreiros e o publico de que um novo dia de atividades literárias começava ou terminava, chamando o mensageiro simbolicamente de Xerife. No nosso caso, nossa feira ainda é relativamente pequena e uma badalada é perfeitamente audível em todo o Parque Tedesco sem que eu precise caminhar por todo espaço, por isso eu pensei em investir meu tempo em algo diferente para o papel, no caso a fantasia de um personagem literário diferente para cada edição da Feira. Claro que eu também me inspiro nos figurinos das adaptações para o cinema, como foi o primeiro caso, mas o objetivo inicial é trazer a vida personagens dos livros, podendo abranger outras plataformas em outro momento, afinal a arte da palavra não se restringe apenas aos livros.


        Na edição do ano passado a fantasia de Dom Quixote acabou não dando muito certo por falta de acabamento, então resolvi caprichar nesta da terceira Feira do Livro. A ideia original era fazer de um outro personagem, mas por causa do sucesso do filme O Tempo e o Vento resolvi mudar de ideia na última semana – sim, tudo de ultima hora - e fazer os trajes do Capitão Rodrigo. Me perguntaram como é que eu escolhia os personagens e eu respondi que não escolho os mais importantes, mas sim os visualmente marcantes em suas histórias. Tanto é que muitos reconheceram a fantasia instantaneamente e ajuda tudo a fazer sentido. Eu adoraria me vestir de Dom Casmurro, mas quem é que ia pensar que um cara em trajes do século passado é um personagem específico? Bem, quem sabe numa próxima vez.


       Como eu – ainda – não sei costurar, eu precisei de muita ajuda de quem aceitou embarcar nessa comigo. Primeiro escalei minha mãe, claro, e só Deus sabe oque ela passou comigo nas ultimas duas semanas. Tínhamos que fazer o tal do chiripa, uma espécie de saiote gaúcho, mas não havia nenhum site que explicasse como fazer o dito cujo e ficou para mim a missão de improvisar os cortes e à minha mãe consertar os erros. Para fazer o casaco da farda eu recorri a minha queria tia Olinda que sacrificou todo seu fim de semana para me ajudar, mas o item principal da fantasia ainda estava longe:

        Na minha família há uma espada usada na guerra do Paraguai por um de meus ancestrais de deveria ter lutado pelo império brasileiro, do mesmo tipo que o Capitão Rodrigo de Érico Verissimo provavelmente teria usado. Assim que eu decidi fazer a tal fantasia, eu sabia que precisava dessa espada que gentilmente me foi emprestada. Foi engraçado ver a reação das pessoas quando elas olhavam incrédulas para espada, as crianças ficavam alvoroçadas e algumas nem acreditavam que era de verdade, pois eu não tirava da bainha por precaução. Mas para portar tal objeto eu precisava de um cinto adequado e mais uma vez eu contei com a parceria do Wando que fez o cinto em pouquíssimo tempo com toda boa vontade. Devo também um agradecimento especial ao meu primo Berbacha que correu atrás das botas e foi pessoalmente me buscar na Feira para me conseguir um lenço e chapéu.


     Assim a fantasia foi feita através de muita amizade e como eu disse no encerramento da Feira, a Literatura representa antes de tudo a grandeza que o ser humano em suas diversas potencialidades e foi um grande prazer conviver mais uma vez com meus colegas que organizaram a feira, meus amigos artistas, os livreiros e os novos rostos que vão se agregando a festa. Amanhã publicarei mais detalhes da feira no Prosa na Varanda, um grande abraço!

Felipe Essy

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