Hoje nos despedimos do nosso colega e grande amigo de Grêmio Literário, Nelson Osíris. Não cabe a mim e nem no espaço desse post dizer quem ele foi, mas eu gostaria de compartilhar com vocês a lembrança que guardo desse colega que partiu deixando saudades.
Eu encontrei o Nelson pela primeira vez em uma reunião do Grêmio Literário na livraria La Mancha. Como era de se esperar, não pude deixar de achá-lo no mínimo excêntrico, afinal seu enorme conhecimento ganhava um tom quase cômico pela seu desapego em relação a modéstia. Ele adorava contar a história do bastão do índio, que simbolizava o direito sobre a fala e somente quem o portasse poderia se manifestar enquanto os outros esperavam sua vez de obter o instrumento da palavra. Não raro, Nelson se empolgava em suas problematizações e resoluções, deixando o espaço que eu sempre esperava para dizer "Olha o bastão, Nelson", numa brincadeira amiga. Ouvindo assim, você pode acabar caindo no equívoco de considerá-lo exibido ou arrogante, mas assim como Nelson enxergava muito bem suas qualidades, ele também reconhecia muito bem todos a sua volta, mesmo os recém chegados com eu.
Quando eu vinha às reuniões do Grêmio na Biblioteca, o primeiro a me saudar era o Nelson, mas o "boa noite" sempre antecedia um questionamento em relação as notícias da semana ou determinada polêmica. Nem sempre eu sabia o que dizer, afinal eu estava falando com "o" Nelson, mas a fé com que ele parecia nos enxergar me dava coragem para falar um pouco mais toda vez e essa é talvez a minha melhor lembrança sobre esse querido colega. Ao mesmo tempo que sua modéstia só existia quando justificada, Nelson sempre participava com gosto de uma conversa, fosse com quem fosse, independentemente da idade ou condição social, fazendo com que todos a sua volta crescessem um pouco mais junto com ele.
Algo que me fez sentir melhor depois da perda foi saber que eu tive a grande honra de poder participar junto com o Nelson no livro Prosa Na Varanda, sobre o qual nosso amigo ficou muito entusiasmado e sentenciou que deveríamos produzi-lo anualmente. Tanto era sua empolgação em relação ao Grêmio e seus projetos literários que ele havia decidido voltar a residir definitivamente em Santo Antônio da Patrulha, mas o destino pareceu lhe dar essas conquistas e novos sonhos como um prêmio de despedida. Se olharmos a foto acima, a última tirada de Nelson por seu sobrinho Guilherme, a felicidade e esperança em seu olhar são de tal forma palpáveis que podemos ter a certeza de que ele soube usar bem o bastão da palavra enquanto o teve, a nós agora cabe somente pensar em como usá-lo na nossa vez.
Um grande abraço de seu amigo Felipe Essy.
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