segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Expedição à Capital do Mundo!

        Buenas, amigos. Eu cresci ouvindo meu pai contando histórias de parentes distantes e moro até hoje na antiga casa da minha avó, onde passei boa parte das minhas tardes de infância. Sendo assim, não é de se admirar que eu seja fascinado por saber de onde veio tal objeto ou quem são aqueles na foto do antigo porta-retrato. Assim eu comecei a dar uma de Indiana Jones investigando o passado e acabei conhecendo o GenealogiaRS, um grupo de pesquisadores que estuda principalmente as famílias de origem alemã como a minha. No último sábado eu arrastei meu pai para um dos encontros do GenealogiaRS e divido com vocês um pouco dessa pseudo-expedição.


        Sábado eu e meu pai saímos abaixo de chuva rumo à Rolante, a "capital do mundo", como carinhosamente chamamos essa terra querida por muitos de nós. Apesar da situação úmida, a gente não podia deixar de achar tudo aquilo divertido, afinal estávamos viajando para resgatar algumas histórias da nossa família como se fosse uma caça ao tesouro e não tem como não se sentir uma criança em 12 de Outubro.


      Admito que nos perdemos na "imensidão" da capital do mundo, mas voltando um pouquinho acabamos achando o cemitério evangélico onde meus bisavós estavam. Era tudo um barro só e meu pai já não se lembrava bem onde ficavam os túmulos, mas com um pouquinho de procura e muita chuva no lombo a gente acabou achando. Por mais que seja um lugar fúnebre, eu não enxergo o cemitério como um lugar triste ou agourento, na verdade sinto que visito um memorial àqueles que ali estão e ver o nome de pessoas que eu só havia ouvido falar em histórias de um tempo remoto nas lápides foi como ter um contato com a parte da família que eu não conheci pessoalmente, por mais distantes que estejam agora - e isso é incrível.


         Eu sei que muita gente não gosta de cemitérios e acaba meio que abandonando seus mortos lá. O problema disso é que depois de um certo tempo ninguém mais sabe onde quem está e duas gerações depois temos um monte de covas desapropriadas. Cemitérios guardam mais que nossos entes queridos, guardam parte da nossa história e cuidar desse espaço é cuidar da nossa família e de nós mesmos, afinal o valor que você da para o passado é o que o futuro pensara de você. Depois de nossa breve aventura pseudo-arqueológica, fomos ao Sicredi para encontramos nossos colegas do GenealogiaRS.


      Lá assistimos a ótima palestra ministrada por Dalva Reinheimer, Doutora em História e coordenadora do curso na FACCAT de Taquara, que nos falou sobre a trajetória do Sicredi desde sua fundação em Rolante até a presente data em que comemora 90 anos. Muitos dos genealogistas publicam suas pesquisas e quase sempre eu volto com peso a mais para casa. Olha só o estrago dessa vez:

Os dois volumes do "Raízes de Nova Hartz", "Do Velho Mundo para Bucherberg ou Bugerberg"
e "A Navegação Fluvial na República Velha gaúcha".
        Sempre que vamos a Rolante, podemos contar com a presença de alguns amigos que mesmo não sendo genealogistas também tem um grande carinho pelo passado. Dentre eles o ilustre Affonso Both, fotógrafo mais antigo em atividade da cidade, que nos mostrou sábado o protótipo do livro que está preparando para publicar com fotos marcantes da cidade. Tive a sorte de sentar ao lado dele e me debruçar sobre essa maravilha e devo dizer que promete!


       Depois da palestra e das conversas entusiasmadas pelo encontro tão esperado na capital do mundo, fomos presenteados pelo Sicredi com uma bela galinhada de almoço, como direito a suco de uva da Boa Esperança que estrategicamente já nos convidava para a próxima parada. Só faltou o Spritzbier!


        Em seguida entramos no ônibus e subimos o morro rumo à Boa Esperança. Gostei muito desse encontro por ter levado meu pai - depois de muita insistência. Meu pai também sempre gostou de histórias de antigamente e participar desse encontro foi como redescobrir um velho brinquedo, além de poder dividir esse momento com alguém. Você pode imaginar como a estrada de terra estava com aquela chuva, mas fomos todos lá e não nos decepcionamos nem um pouco.



     A Boa Esperança é a região das vinícolas e produtoras de artigos coloniais de Rolante, e assim que chegamos na casa dos Finger, nosso destino sempre que vamos lá, vimos essa baita paisagem que recompensa qualquer desventura.




         Lá pudemos provar à vontade os vinhos, sucos e produtos da família Finger - e devo dizer que não pude voltar de mãos vazias, mas o que realmente faz esse lugar tão bom de visitar não é somente a paisagem ou os vinhos, mas a simpatia e gentileza com que todos se tratam. Realmente é incrível ver esse tipo de coisa hoje em dia, mas com todas essas pessoas lá não faltam motivos para querer voltar.


       Na chegada demos uma passada na Casa da Colonia da capital do mundo e voltei triste por que tinham acabado as cucas - e sair de Rolante sem cuca é o mesmo que ir na Moenda e não comer uma rapa quente, mas oportunidades não vão faltar para quem sempre volta.



        Vocês devem ter notado que tenho um carinho especial por Rolante, isso se dá por que meus avós vieram de lá e desde a primeira vez que eu fui para a capital do mundo para conhecer a cidade e conhecer um pouco mais da história deles fui muito bem recebido por todos e não faltam amigos para uma boa conversa. Espero que tenham gostado do meu pequeno relatório de viagem, até o post de quinta-feira!

Felipe Essy


     Agradecimentos especiais ao Nélio Schmidt, que sempre organiza os encontros, nosso queridos rolantenses Mara Sarquiz e o Affonso Both, ao Rogério Breier, do qual surrupiei algumas fotos, além de todos meus primos de 3º,4º ou 5º grau do grupo. Um abraço a todos!

10 comentários:

  1. Nosso relacionamento é recheado de ironia não é mesmo??? Enquanto você , formado em Literatura viaja pelo mundo da História, eu formada em história recheio minha prateleira de Literatura...
    Acredito que a Genealogia é uma das vertentes da História (se posso assim me referir) das mais importantes, pois com ela vamos amarrando os retalhos da micro-história e contando sobre costumes dos povos que aqui chegaram para povoar o Rio Grande do Sul transformando esse território rico em etnias, línguas, comidas típicas e sobrenomes complicados....
    Parabéns ao grupo de genealogia pelo trabalho de resgatar a nossa História

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    1. Ironia é a palavra-chave rsss... A literatura e a história são dois ramos que se cruzam diversas vezes e quando o fazem, podem ter resultados muito produtivos mesmo. As micro-histórias formam a macro-história, não é mesmo? Um povo que não conhece a sua história, não conhece completamente a si mesmo e a genealogia resgata coisas esquecidas no passado que podem mudar o modo como enxergamos o futuro.

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  2. Meu amigo e colega de pesquisas.
    A tua escrita acima, mexeu com os meu sentimentos.
    Pude sentir pelas nas palavras, algo que para mim ficou para trás.
    Que é a companhia do pai, em aventuras como as nossas....
    Nos aventuramos pelo passado, no resgate do nossos familiares.
    Nos aventuramos no presente, firmando sempre mais a nossa amizade.
    Um grande abraços para vocês dois, filho e pai....
    Cordialmente
    www.genealogiars.com

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    1. Fico muito feliz que tenha gostado do meu texto, realmente é algo especial para mim participar desses encontros, principalmente quando posso levar meu pai também. Espero termos mais encontros na capital do mundo com todos amigos! Aquele abraço ;)

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  3. Lindo texto nosso mascote Felipe, aliás como sempre. Também sai do encontro extasiada, e uma delas sei que foi a ótima companhia de vocês. Como faltou o spritzbier, terás que vir novamente para degustar. Irei providenciar, junto a Tete, assessora para tais assuntos. Beijos

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    1. Essa alcunha de mascote... rssss Muito obrigado, Mara, é sempre bom revê-la na capital do mundo. Quanto ao Sptizbier, quem sabe eu não faço na proxima vez? heheheh um abraço!

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  4. Pode surrupiar as fotos à vontade, Felipe. Foi pra isso que eu as tirei.
    Seu texto está muito bacana. Parabéns.

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    1. Valeu Rogério! Adorei tuas fotos, nos vemos na próxima!
      Abração ;)

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  5. Oi Felipe.
    Parabéns pela matéria. Um belo trabalho de resgte. Apenas, com todo o respeito, mas a capital do mundo é a Esquina dos Morros. Abração.

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    1. Tem quem diga que é Mascarada! Vai saber! heheheh ;D
      Abraço!

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