terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Django, o "D" é Mudo




         Essa frase icônica do filme de Tarantino intutula nossa postagem por que não saiu da minha  cabeça e de quem mais assistiu o filme. Vamos ver nas próximas postagens um pouco mais sobre alguns dos indicados a melhor filme no Oscar. Não que eu me importe com isso, mas é uma boa desculpa para falar de cinema. Django Livre conta a história que se passa dois anos antes da Guerra Civil americana onde um escravo é libertado por um caçador de recompensas e ex-dentista,  Dr. Schultz, para que ele lhe ajude em suas missões de captura de foragidos, em retribuição o mercenário promete lhe ajudar a resgatar sua ex-mulher ainda escrava das mãos de um "Senhor" um tanto demoniacaco, encarnado com maestria por Leonardo DiCaprio. Talvez à primeira vista o filme não pareça tão sedutor, mas é impossível não vibrar com o filme que mistura uma ação que transita entre o brutal e o cômico através de uma jornada de um homem bom que suja as mãos para alcançar seu objetivo.


Dr. Schultz e Django

Franco Nero, o primeiro Django.
        O filme é inspirado na produção de 1966, Django, um dos principais filmes que influenciaram toda uma leva de faroeste italianos chamados de Western-Spaghetti. Logo após assitis o Django de Tarantino, fui procurar o original que não requer nenhum esforço para nos atingir, literalmente.  Apesar de eu não ter olhado as outras sequências de Django produzidas ao longo das décadas seguintes, dificilmente foi dada continuidade a alguma coisa do filme original, tendo o personagem virado muito mais uma referência do que um personagem re-adaptado. Se hoje temos os anti-heróis no cinema, isso é muito creditado ao filme de Sergio Corbucci de 66, mas principalmente pela atuação visceral de Franco Nero, trazendo juntos um personagem forte e inevitavelmente humano através de uma grande vingança. Vale a pena ver cada minuto. 

Django e suas primeiras balas
         O maior mérito do filme de Tarantino é a construção do personagem. Ao invés de fazer aquelas tentativas ridículas de filmes de ação barata onde o personagem é apresentado como sendo bom em tudo logo sem nenhum bom motivo que nos faça acreditar nisso, Tarantino mostra o personagem do zero e vai construindo sua imagem ao longo do filme até chegar no então Django, formando um personagem com uma razão firme para sua essência. A atuação de Jamie Foxx na pele do personagem é uma das suas melhores interpretações no cinema - se não a melhor. Ele consegue expressar os diferentes estágios da personalidade do personagem que vai se alterando e enrijecendo ao longo da trama. O fato de o personagem principal ser um cowboy negro que se busca vingança é inédito na série de filmes do personagem, mas não no gênero faroeste, e isso dá uma dramaticidade maior ao personagem que está permanentemente deslocado vivendo numa sociedade conservadora e prepotente quatro anos antes da abolição da escravatura americana. 

Christopher Waltz, Di Caprio e Kerry Washington

Tarantino como diretor e figurante.
          Outros personagens além do cowboy também se destacam, mas principalmente pela presença em cena de seus interpretes. O irreverente Dr. Schultz é vivido por Christoph Waltz, que da um charme cômico ao personagem  conseguindo a proeza de não cair no caricato. Leonardo DiCaprio que já havia nos convencido em Ilha do Medo e Origem que não era mais o garoto Jack de Titanic, consegue nos surpreender mais uma vez com essa encarnação visceral do personagem Calvin Candie, um sanguinário senhor de escravos. Não da para esquecer também a  bela atuação de Kerry Washington como Hilde, a mulher de Django, que mesmo num papel aparentemente passivo consegue se mostrar mais do que uma donzela em perigo sem muitas falas. Nem mesmo Tarantino nos deixou na mão com sua "pontinha" no filme que dispensa comentários.

          Como de costume, o novo filme de Tarantino é recheado de referências a outras dezenas de filmes, mas com certeza as melhores delas se referem a trilha que retoma o famoso tema principal do filme de 66. "Django", cantada por Luis Bacalov que “dublou” as músicas da versão original para o inglês, sem dúvida é a melhor faixa do disco e resume bem a essência do personagem, assim como outras canções retiradas do primeiro filme, no entanto a trilha não se resume a reutilização de musicas de faroeste, pois há uma grande mescla de gêneros indo desde o rap até o erudito, pois Tarantino dificilmente se contenta com um único compositor e é notável o uso que ele faz das trilhas para ampliar o clima de suas cenas.



         Enfim, o filme está em cartaz, então vá assistir se você ainda não foi. Para quem se interessou pelo filme ou gênero, dê uma olhada no baita blog de Felipe Guerra, Filmes Para Doidos, um achado para quem curte cinema além da pipoca. Nos vemos no próximo post, um abraço! 


F. Essy

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