terça-feira, 15 de novembro de 2011

Terremoto

A terra está.
Esteve desde o princípio.
Fez-se do nada.
A terra cria, produz,
Dá vida, sustenta.
Criou o homem.
O homem inventa,
Elabora, monta, pinta, incrementa;
Industrializa, comercializa,
Enriquece, aquece o mercado.
A tecnologia avança.
A mão do homem pára,
Mas a mente funciona.
Não fica aquém, vai além;
Não pode mais parar.
Parando é o caos,
Porque o cume é o limite
E o limite já beira o infinito.
Mas o cume paira no ar;
Precisa de base,
A base é o chão, a terra, a rocha.
Mas a rocha é fraca,
É o ventre materno
Que não suporta o cume,
Não suporta a base,
Treme ante o excesso,
Então explode, sacode,
Racha, separa, derruba.
É a convulsão.
É o tremor que sacode o chão.
É a ruina que eu vi, você, viu.
É o terror, é um, apenas,
É um de tantos que já foram.
Daí a morte.
Se nivelam o fraco, o forte.
Não há excessão.
É a congestão no fundo da terra,
No ventre materno,
Porque a terra é mãe,
Mas há dentro um monstro
Que se contorse, age, arrasa,
Expande a raiva, o ódio,
O jugo, o peso.
Depois se acomoda;
A ruína não o incomoda.
Desde o princípio foi assim,
E o princípio é remoto,
Porém sempre a congestão,
Sempre a convulsão,
Sempre o terremoto.


Regina Barcellos dos Santos


Hoje, enquanto eu estava recostado no sofa fazendo alguns rabiscos sobre o "Homem verde e o Sorriso Amarelo", meu pai me apareceu com um livro verde e fino me dizendo que ali tinha algumas poesias das patronas da Feira do Livro nesse ano. Meu primeiro impulso foi deixar o livro de lado e continuar o que estava fazendo, mas por algum motivo resolvi ler as poesias. Realmente gostei delas e resolvi publicar duas aqui. Essa da Regina Barcellos e uma da Ivone Selistre, na postagem abaixo. Bon appétit!


F. Essy

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