segunda-feira, 24 de outubro de 2011

O Poste no Cemitério

Levanta cedo, sente o café lhe acordar. Pega uma carona de mãos dadas e o mundo passa. Conversas inusitadas vem e vão com o vento que entra e sai pelas janelas. Finalmente o chão pára e a pequena cidade fantasma de casas tumulares mostra-se ao sol. Entre as lápides ilegíveis e o silêncio de um tempo esquecido ele ficou ali, consigo, numa conversa quieta e de sorrisos invisíveis.

As rodas engolem a estrada empoeirada e novas casas velhas veem vindo pelas beiradas. O rio assobia e seguimos seu canto numa galeria de árvores onde as pernas se esticam e as bocas se ouvem. O sol baixa, os pés montam nas rodas e o coração vai saindo de onde voltou. Já em casa, os olhos fecham.

Quando as estrelas se deitaram, o grande corpo se ergueu desajeitado. Novamente o café lhe esquentou, mas subitamente ela veio. Quietinha e pequena em passos hesitantes. Aproximou-se do velho homem e num tímido beijo infantil fez cair suas muralhas e o conquistou. Algo que quase não se sentiu, mas que deu ao velho homem novo uma nova moeda para o tesouro que algum dia enterraria consigo. Ele então sorriu atrás dos olhos, vendo o tempo passar, sabendo que era finito.

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