sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Que Deus Sou Eu?*


Boa tarde pessoal, é o seguinte: a dez anos atrás, quando você tinha ou queria ter uma banda, o maior sonho era de gravar um disco, isso por que o Disco (com letra maiuscula mesmo) tinha um certo romantismo e a procura dele refletia o seu sucesso. Hoje em dia, com a internet e tudo mais as pessoas podem baixar ou escutar as músicas de um artista sem comprar o disco e o que aconteceu? A Industria Fonográfica que lucra com as vendas marginaliza essa pratica como ilegal, caracterizando roubo de uma propriedade do artista e insiste em manter um sistema de vendas falido.

Eu caracterizo uma organização de atuação como "sistema falido" quando um tipo de método usado para determinado fim a meio século deixa de ser eficaz devido ao seu gradativo distanciamento da realidade, sendo mantido por empresários e governantes com medo de perder o que tem, mesmo sabendo que não funciona. Isso aconteceu com o a Escola, aconteceu com os Discos e outros tantos setores "socias", digamos assim.

O fato é que um CD novo esta custando de 30 a 40 reais e eu, ignorado cidadão brasileiro, tenho coisas mais importantes para comprar do que gastar 1 décimo de um salário mínimo com isso. Eu amo música, de verdade, mas eu não tenho condição de comprar CDs de todas as bandas que eu gosto, inclusive tem muitas que eu amo como os Mutantes que até hoje não consegui comprar nada deles. Eu já baixei discos de vários artistas, seria hipocrisia não dizer e nunca deixei de comprar o Disco deles por já ter no PC ou mesmo num CD gravado em casa e eu não sou o único ou por acaso tem alguém que vai e compra um disco de 40 reias sem nunca ter houvido nenhuma faixa dele? Ah ta. Se a Indústria quer manter seu modelo capitalista egocentrico, ou seja, ignorando o mundo e só olhando o próprio umbigo, que tome providencia para baixar os impostos sobre produtos que chegam a metade do seu valor de produção. Será que os verdadeiros ladrões somos nós? Mas ignorando esse fator puramente financeiro, ainda tem outra questão.

Um produto artístico é propriedade do autor. Um livro ou disco deve ser comprado para ser aprecido mesmo quando essa apreciação não gera nenhuma despesa para o autor? Isso é algo muito delicado. Acho que se alguém quer ouvir o que você toca e ler o que você escreve (falando nisso, brigado pela presença), não acho prejudicial você permitir isso. Claro que um artista que gasta na gravação e produção de um disco - e não é pouco dinheiro - quer ser recompensado pelo seu trabalho, tudo bem, mas estigmatizar a prática de baixar talvez não seja a coisa certa.

A arte é algo lindo, ninguém deve privar ninguém do direito de ouvir uma canção ou ver um filme. Isso não é privá-las de um entretenimento, mas sim de uma nova visualização da realidade e transcendencia das convenções. Veja os movimentos sociais embalados pelas músicas e seus conceitos de liberdade e amor. Não sou a favor da utilização do trabalho de artistas sem o seu consentimento, como infelizmente se faz, mas sim de uma reestruturação da idéia que se tem da comercialização da Arte.

* obs: referência a música "Balada do Louco", da banda Mutantes na foto abaixo .

F. Essy

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