sábado, 13 de novembro de 2010

Pargarávio

Solumbrava, e os lubriciosos touvos
em vertigiros persondavam as verdentes;
Trisciturnos calavam-se os gaiolouvos
e os porverdidos estriguilavam fientes.

"Cuidado, ó filho, com o Pargarávio prisco!
os dentes que mordem e as garras que fincam!
Evita o pássaro Júbaro e foge qual corisco
do frumioso Capturandam."

O moço pegou da sua espada vorpeira:
Por delongado tempo o ferogonista buscou.
Repousou então à sombra da tuntumeira,
E em lúmbrios reflaneios mergulhou.

Assim, em turbulosos pensamentos quedava,
Quando o Pargarávio, os olhos a raisluscar,
Veio flamiscuspindo por entre a mata brava.
E borbulhava ao chegar!

Um, dois! Um, dois! E inteira, até o punho,
A espada vorpeira foi por fim cravada!
Deixou-o lá morto e, em seu rocim catunho,
Tornou galorfante à morada.

"Mataste então o Pargarávio? Bravo!
Te estreito no peito, meu Resplenderoso!
Ó, gloriandei! Hosana! Estás salvo!"
E na sua alegria ele riu, puro gozo.

Solumbrava, e os lubriciosos touvos
Em vertigiros persondavam as verdentes;
Trisciturnos calavam-se os gaiolouvos
E os porverdidos estriguilavam fientes.

(Lewis Carroll, Alice através do Espelho, Edição comentada, Jorge Zahar Editor. Tradução: Maria Luiza X. de A. Borges, p. 143-144)

2 comentários:

  1. Você está maluco, pirado, perdeu um parafuso, mais vou te contar um segredo! As melhores pessoas são assim! *-*

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