terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Ender's Game: Uma Vitória sem Medalhas

      Buenas, pessoal! Recentemente Ender's Game estreou timidamente nos cinemas sem muita divulgação e já vai saindo ignorado pela crítica, o que me da mais um motivo para escrever sobre essa adaptação do livro de Scott Card.


       Assistindo ao trailer de Ender’s Game temos a impressão de ver uma mistura da tradicional ação patriotica americana "a terra é nossa" de Independence Day com o peso de uma carga dramática nas mãos de uma criança como em AI - Inteligência Artificial no melhor estilo pós-apocalíptico. Embora não deixe de realmente ser um bom filme de ficção científica, Ender’s Game conseguiu preservar uma dose dramática sem tornar-se sofrível nem deslumbrar-se com o cenário high-tech, resultando num filme bem equilibrado, porém o breve trailer é suficiente para perceber o quanto Harrison Ford deixa a desejar em comparação aos outros atores. Felizmente isso não prejudica o filme baseado no aclamado livro publicado em 1985 por Orson Scott Card.


         Tendo como personagem central uma criança – nem mesmo um adolescente, Ender’s Game poderia ser facilmente mal interpretado como um filme infanto-juvenil, quando na verdade explora temas éticos e morais desconfortáveis para pessoas bem mais maduras. Não sei bem por que eu me interessei pelo filme, mas resolvi ler o livro de Scott Card e me surpreendi com os temas da obra. Através do personagem Ender, Scott Card mostra como normalmente crianças superdotadas acabam excluídas pelos demais e tornam-se solitárias, num constante conflito sobre o valor de suas próprias capacidades numa sociedade feita de relações superficiais. Tudo isso somado ao ambiente de guerra e a desconstrução dos princípios humanos em que somos criados. Com temas tão raros de serem explorados através de personagens tão jovens, naturalmente eu temia que a adaptação para o cinema descartasse essa camada da narrativa para transformá-lo num filme mais comercial, o que felizmente não foi o caso.


       O filme dirigido por Gavin Hood logo chama a atenção pelo peso do elenco. Além do “Han Solo Ford”, o veterano inglês Ben Kingley atua novamente com o prodígio Asa Butterfield, que mostrou um notável progresso na interpretação dramática desde a última parceria entre os dois em A Invenção de Hugo Cabret. Asa não é um daqueles atores que embasbacam o espectador por sua desenvoltura precoce, mas a maturidade que representou no papel de Ender é convincente o suficiente para esquecermos totalmente que se trata de uma criança. Outros atores jovens também integram o elenco dando aquele ar mais leve a trama  até que o excelente Moisés Arias traz uma dose de realidade a história como o comandante tirano Bonzo Madrid.


         No fim das contas Ender’s Game não é um filme cult, mas também não dobra os joelhos a hollywood e mostrasse uma boa adaptação. Claro que algumas coisas ficaram de fora, mas nada que prejudique a proposta da produção. Um bom filme que, seja pela falta de divulgação ou má vontade da crítica, provavelmente não terá sua merecida sequência, então aproveite essa oportunidade.

Felipe Essy

2 comentários:

  1. entrei no cinema acreditando que iria assistir uma ficção cinetifica infantil mas fui surpreendida por um ator mirim que soube dosar a carga dramatica do personagem perfeitamente! imagino que o livro deve ser bem melhor, mas o fime não deixou a desejar, me surpreendeu principalmente pelo final!!!

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    1. Estou curioso para ler os próximos livros da série, dizem que os três seguintes (são cerca de 16) exploram mais as reflexões filosóficas do que o contexto de batalhas e vida espacial. Difícil é achar uma boa edição para comprar!

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