segunda-feira, 15 de julho de 2013

O Homem da Capa Vermelha

        Buenas, pessoal! O novo filme de Zack Snyder que estreou nessa sexta recebeu o mesmo título da série de quadrinhos Man of Steel de 1986, pois assim como ela, o filme reconta a origem do famoso kryptoniano criado em 1933 que virou um ícone na cultura pop, mas ainda é estranho para muita gente. Pensando nisso eu resolvi fazer esse post falando um pouco sobre o personagem através de alguns quadrinhos que inspiraram o novo filme do Homem de Aço:



A ORIGEM

     De todos personagens de história em quadrinhos, o Superman sempre foi o mais difícil de imaginar na realidade, pois afinal como alguém se vestiria com aquele colã azul e uma cueca vermelha por cima das calças? Realmente isso não se parece nem um pouco com os super-heróis que andaram ganhando as telas e bilheterias do cinema ultimamente, mas tudo tem uma explicação:

    A roupa extravagante - e colada - foi inspirada nos macacões dos fisiculturistas de circo que normalmente tinham cores contrastantes como o azul e vermelho, também lembrando os trajes de personagens de histórias intergaláticas, em alta na época, o que faz todo sentido para o último kryptoniano. O grande diferencial estético do personagem estava na capa, que dava um ar sobre-humano ao Superman que tornou-se marca registrada para todos personagens do gênero. Além de explorar temas de ficção científica como civilizações espaciais e inimigos sobre-humanos que fervilhavam a imaginação coletiva, as cores do traje do herói lembravam a bandeira americana e sua imagem foi usada pelos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial, tornando-o um garoto propaganda do pensamento americano e popularizando o herói, assim como o Capitão América. Agora, o homem por traz do uniforme:


ALÔ, ALÔ MARCIANO


      A série de quadrinhos O Homem de Aço (1986), que empresta o nome para o novo filme, começa mostrando uma das melhores histórias relacionadas ao Superman, mas que curiosamente não é a sobre o herói, e sim a sobre seu planeta ancestral: Normalmente Krypton não ocupa muito além de algumas páginas nas HQs como na introdução desse quadrinho, mas os devaneios de Jor-El, o pai do homem de aço, perante a destruição de seu planeta é suficiente para inspirar uma história inteira de ficção científica, infelizmente essa situação dramaticamente rica nunca é tão explorada quanto poderia e essa parece uma sensação constante quando lemos esse e os outros quadrinhos do Superman: Sempre que o personagem está prestes a passar por um momento dramático, como o de quando ele descobre que é o último ser de uma civilização destruída, ele imediatamente aceita sua condição e segue em frente. Superman é um personagem cheio de potencial dramático, mas que acaba empobrecendo sua proposta por nunca estar em um verdadeiro conflito com suas convicções.


       Apesar de todos seus poderes que extrapolam qualquer justificativa, o que realmente distancia as pessoas desse super-herói é justamente sua falta de humanidade. O que faz um personagem ser inspirador e aquilo que chamamos orgulhosamente de herói é justamente o que ele faz quando tem que enfrentar seus valores, mas o que esperar de alguém que possuí valores dignamente inabaláveis? Nada e é frustrante ver a indiferença do Superman diante de tantas questões que assolam personagens como o Dr. Manhattan, de Watchmen, que em um momento nos leva para indiferença de seu pensamento em relação a tudo que achamos de nós mesmos e depois nos convence do que realmente somos.

      Depois de um determinado numero de leituras, eu percebi que o Superman é na verdade um personagem potencial, que é usado na construção de realidades e situação que somente poderiam existir através de um personagem absurdamente capaz de qualquer coisa, mas que acaba sendo desperdiçado para virar um protagonista de um enlatado americano, com exceção da incrível série de quadrinhos Entre a Foice e o Martelo (Red Son - 2003), que também foi citada pelo roteirista do novo filme como uma de suas inspirações:


OQUE É ISSO COMPANHEIRO?


       Uma das melhores HQs que eu já li e com certeza a melhor já escrita para o protetor de Metrópolis. Bem não exatamente: Essa versão alternativa da origem de Superman explora o que teria acontecido se a nave do herói tivesse caído na União Soviética em plena guerra fria, enquanto a terra do tio Sam estaria sendo protegida por Lex Luthor. Até hoje essa foi a única vez que vi um Super-homem possível. Não cientificamente, mas psicologicamente: O que começa como uma ideia de proteger as pessoas e servir o "bem", se transforma numa ditadura do homem de aço, obcecado pelo controle absoluto sobre a conduta das pessoas, onde Batman é um terrorista que prega o caos em prol da liberdade. Nessa situação, quem poderia derrotar o homem mais forte do mundo? Apenas a mente mais brilhante da Terra, é claro: Assim como numa partida de xadrez, Lex Luthor vence o Superman com uma frase e após a vitória a família Luthor passa a identificar-se apenas pela inicial "L", que mais tarde daria origem ao sobrenome de Jor- El que mandaria seu único filho para um planeta estranho, esquecendo seu nome, mas lembrado para sempre como Superman.


A MORTE DO MAIS FORTE


       Na série de quadrinhos chamada de A Morte do Super-Homem (1992), que também inspirou o novo filme, sentimos o vazio deixado pela ausência do homem de aço, mas não no sentido emocional e sim como se os personagens da história estivessem pela primeira vez sozinhos. O Superman não representa um mero protetor, mas também um opressor e sua morte devolve a todos personagens a responsabilidade da decisão sobre suas próprias ações novamente, no entanto eles percebem que mesmo o Superman não existindo mais, suas ideias continuam presentes em seus julgamentos. Apesar da história não se aprofundar muito em reflexões, é inevitável não nos imaginarmos naquela situação e não pensar sobre a como as pessoas se relacionam com aqueles que lhes protegem ao mesmo tempo que lhes governam, como na relação entre pais e filhos.


      Esses são apenas alguns dos temas que o novo filme do Homem de Aço pode explorar, mas se será um novo Batman Begins ou um Elektra, só vendo para saber. Espero que vocês tenham gostado desse post, pessoal. Quinta-feira a gente vai dar uma olhada nas adaptações do Superman para o Cinema. Aquele abraço!

Felipe Essy

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