Depois de quase dez anos de espera, chega finalmente aos
cinemas “O Hobbit – Uma Jornada Inesperada”, a quarta adaptação dos livros de
J.R.R. Tolkien. A obra foi dividia em dois filmes e o primeiro a ser exibido
estreia hoje, dia 13 de Dezembro. “O Hobbit” apresenta o início da história que
deu origem à trilogia o “Senhor dos Anéis”, mostrando como Bilbo conseguiu o Um
Anél dado ao seu sobrinho Frodo, o portador do Anél nos filmes anteriores e também
outras histórias do passado da Terra-Média retiradas dos outros tantos livros
de Tolkien para explicar um pouco mais sobre esse mundo fictício cheio lendas.
Eu sou um grande fã das obras de Tolkien e assim como eu
muita gente já leu O Hobbit, porém eu sei que muitos que irão ver o filme não
leram o livro ainda, então eu vou fazer essa primeira postagem – sim, haverá
outras – apenas sobre a produção do filme, sem fazer revelações importantes do
enredo, mas pode ter certeza que da para falar bastante coisa sobre isso. Vamos
lá:
O Senhor dos Anéis foi escrito como uma sequência do Hobbit,
logo muitos personagens e outros elementos tem sua origem na primeira história.
Bilbo era um hobbit sossegado que não pretendia nada inesperado de sua vida até
que o mago Gandalf bateu na sua porta e o recrutou para participar de uma
comitiva de anões em busca dos tesouros de um antigo reino sob a montanha. Um
dos anões, Glóin, é pai de Gimli da sociedade do anél. A espada Ferroada, utilizada
por Frodo no Senhor dos Anéis, foi encontrada durante um dos contratempos da
viagem de Bilbo. A comitiva dos anões é encontrada pelos Elfos da Floresta das
Trevas, terra natal de Legolas. Elrond abriga os anões, Bilbo e Gandalf em
Valfenda e lhes revela a origem de algumas das espadas utilizadas pelos
personagens, como a “Glamdring”, de Gandalf. Essas são apenas algumas das muitas
coisas que ligam as duas histórias e que fazem desse filme satisfação garantida
para quem gostou da trilogia anterior.
Storyboard criado por Alan Lee e John Howe. |
Alan Lee e John Howe |
O Senhor dos Anéis exigiu anos de pesquisa e trabalho
durante a pré-produção para as filmagens e com o Hobbit não foi diferente:
Peter Jackson chamou novamente os dois ilustradores mais célebres das obras de
Tolkien: Alan Lee e John Howe. Assim como nos filmes anteriores, suas pinturas
serviram de base para criar os cenários, figurinos e até mesmo as armas dos
personagens, no entanto dessa vez o filme tinha um novo desafio: criar a
Terra-Média em três dimensões. Para isso, Alan Lee e John Howe então fizeram
algo inédito: a criação de storyboards – representações das cenas para serem
filmadas – em 3D. Como desenhar em 3D? Imagine os dois ilustradores, um ao lado
do outro. Cada um desenha a mesma imagem, porém alterando alguns mínimos
detalhes para dar a impressão de profundidade do 3D. Loucura? Com certeza deu
trabalho, mas não esqueçamos que isso tudo começou bem antes quando autor da
obra criou 17 línguas para escrever a história. Esse trabalho incrível pode ser
conferido nesse vídeo abaixo, um dos muitos videoblogs feitos pela produção do
filme sobre os bastidores.
Outra curiosidade acerca das filmagens foi a criação dos
ambientes e vestimentas para o filme. Quem já retirou os óculos por um momento
durante uma exibição em 3D, sabe que o recurso tira um pouco do brilho da imagem,
por isso a equipe de Peter Jackson produziu cenários e figurinos em cores mais
intensas do que o normal para que a fotografia do filme não ficasse
prejudicada, afinal não foi a toa que o primeiro filme da trilogia ganhou um
Oscar nesse quesito. Todos esses detalhes da produção podem ser conferidos nos vídeoblogs
que também foram uma iniciativa inédita. Peter Jackson mais do que ninguém sabe
da quantidade de canais de notícia e sites de estudo exclusivamente sobre as
obras de Tolkien, então ele decidiu produzir vídeos contando um pouco do processo
da produção desses dois filmes novos ao invés de deixar para que emissoras de
TV produzissem Making Ofs com depoimentos posteriores e algumas poucas imagens.
Além de relatar um pouco das filmagens, os vídeos mostram algumas pequenas
encenações bem humoradas da produção e elenco para divertir os fãs. Citando o
filme Hugo Cabret, nesses vídeos descobrimos “como os sonhos são feitos”.
Nos vídeos também podemos conferir uma característica
marcante nas produções de Peter Jackson: o uso da criatividade para resolver
grandes problemas de maneira simples. Atualmente a maioria dos filmes –acredito
que todos - é filmada em 12 quadros (ou frames) por segundo, mas Peter Jackson
quis obter uma qualidade de imagem superior filmando em 48 por segundo, mais
que o dobro. Essa taxa alta de captura de movimentos, aliada ao 3D resulta numa
experiência extremamente envolvente. Muitos críticos não gostaram do formato da
exibição por ser “realista demais”, mas assim como o 3D, eu acredito que isso
seja uma evolução inevitável, porém não indispensável para todos os filmes. Enfim,
para obter tal número de quadros por segundo em 3D, Peter teve de usar duas
lentes muito grandes ao mesmo tempo, no entanto elas eram tão grandes que não
conseguiam ficar uma ao lado da outra de forma que o campo de captura das duas
não convergia na mesma imagem depois para dar o efeito de profundidade. Para
isso, Peter criou uma espécie de caixa onde um jogo de espelhos fazia a
condução dos raios de captura no mesmo ponto, algo jamais realizado antes. A
equipe das filmagens criou inúmeras câmeras próprias, dando lhes até nomes.
Quatro delas carinhosamente chamadas de Paul, John, Ringo e George.
Andy Serkis e Peter Jackson conversando sobre as filmagens. |
Assim como Steven Spielberg e George Lucas, Peter Jackson
tornou-se um diretor consagrado pelo domínio que possuí nas áreas técnicas,
especialmente de efeitos especiais. Para as filmagens do Hobbit, Peter dedicou
atenção especial à captura e edição em 3D, tendo que se distanciar da direção
de elenco. Para lhe auxiliar, Peter contou com a ajuda do ator Andy Serkis, o
Gollum. Desde O Senhor dos Anéis, Peter e Andy trabalharam muito juntos,
incluindo King Kong e Tin Tin, em que o ator interpretou novamente personagens
computadorizados. Enquanto Andy dirigia o elenco, Peter coordenava as cenas
através de comunicadores, de dentro de uma sala onde assistia tudo com seus
óculos 3D ajustando os controles de edição. A produção de O Senhor dos Anéis
começou em torno de 1998 e terminou somente em 2003, sendo que dois anos foram
de intensas filmagens. Cerca de dois anos atrás o processo reiniciou e durante
esse intervalo muitos integrantes da equipe de filmagem e elenco continuaram
trabalhando com Peter Jackson formando assim uma das equipes de filmagem mais
bem entrosadas e duradouras do cinema.
Outro aspecto do filme que eu jamais poderia deixar de falar
é sobre a trilha sonora. Assim como na trilogia anterior, o Hobbit terá sua
trilha composta por Howard Shore que fez um trabalho tão bom que pode ser
considerado uma obra independente dos filmes. As canções foram feitas como se
tivessem sido compostas num passado muito distante. Cada canção era cantada
numa das línguas criadas por Tolkien para os livros. Os discos das trilhas
ganharam várias edições e releituras ao longo dos dez anos seguintes a trilogia
e nessa nova adaptação, Howard Shore promete outra grande obra. Da para ter uma
ideia da qualidade épica que terá o novo disco pela música “Lonely Mountain”,
cantada pelos anões no primeiro trailer de o Hobbit. Para quem ficou curioso, a
trilha já está inteiramente disponível para download, mas eu preferi deixar
para conferir durante o filme, onde todo o trabalho da equipe das filmagens de
O Hobbit vai se fundir numa grande obra.
Bem, pessoal. Eu espero que vocês tenham gostado dessa primeira
postagem que fiz sobre o filme. Nos próximos dias estarei publicando uma
análise detalhada de cada filme do Senhor dos Anéis explicando várias detalhes
da história que não foram mostrados. Aquele abraço!
O texto ficou muito bom, fugiu da resenha normalzinha que estamos acostumados. Parabéns!!!
ResponderExcluirQue bom que tu gostou, Padawan! Brigado ^^
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